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Março de 2024 bate recorde de calor no mundo

  • Data: 09/Abr/2024

Os últimos 10 meses consecutivos foram os mais quentes já registrados

 

O observatório europeu Copernicus advertiu, nesta terça-feira (9), que março de 2024 foi o mais quente já registrado no mundo. Esse é o 10º mês consecutivo de recordes de calor.

 

A instituição, financiada pela União Europeia, emitiu um novo sinal de alerta após um ano marcado por fenômenos climáticos extremos e pelo aumento de emissões de gases com efeito de estufa, que provocou renovados apelos a uma ação mais rápida contra o aquecimento global.

Limite de 1,5 ºC

Os recordes de calor mensais sucedem-se desde junho de 2023 e este março não foi uma exceção. O Serviço de Monitorização das Alterações Climáticas do Copernicus (C3S) indicou que a temperatura média em março de 2024 excedeu em 1,68°C a de um mês de março habitual durante o período pré-industrial (de 1850 a 1900) — esse período é utilizado como marco para o aquecimento global.

O mais alarmante, no entanto, tem sido a tendência geral, conforme pontuou a vice-diretora do C3S, Samantha Burgess. Grandes extensões do planeta suportaram em março temperaturas superiores à média — desde a África até a Groenlândia, passando pela América do Sul e a Antártida.

Mas não só foi o décimo mês consecutivo que bateu o seu próprio recorde de calor, como coroou o período de 12 meses mais quente da história: 1,58 ºC acima das médias pré-industriais. Isto não significa, porém, que tenha sido superado o limite de aquecimento de 1,5ºC acordado pelos líderes mundiais na Conferência do Clima de Paris, em 2015, e medido em décadas, não em anos. No entanto, "estamos extraordinariamente perto, e já na prorrogação", enfatizou Samantha.

O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da Organização das Nações Unidas (ONU) alertou para a probabilidade de o mundo ultrapassar os 1,5 ºC no início da década de 2030.

Recordes na superfície dos oceanos

Os oceanos não ficam de fora. Depois de marcar um recorde de temperatura em fevereiro, alcançaram novas máximas de 21,07 ºC em março, exceto as áreas próximas dos polos.

— É incrivelmente incomum — alertou Samantha.

Os oceanos cobrem 70% do planeta e têm mantido a superfície da Terra habitável ao absorver os 90% de excesso de calor produzido pela poluição por emissões de carbono da atividade humana desde a era industrial. 

Os oceanos mais quentes ameaçam a vida marinha e implicam mais umidade na atmosfera, o que provoca condições meteorológicas mais instáveis, como rajadas de vento violentas e chuvas torrenciais.

— Quanto mais quente a atmosfera global, mais numerosos, graves e intensos serão os fenômenos extremos — assinalou a cientista, citando a ameaça de ondas de calor, secas, inundações e incêndios florestais.

Entre os exemplos recentes, estão a escassez de água no Vietnã, na região espanhola da Catalunha e na África Subsariana. Bogotá, capital da Colômbia, racionará o abastecimento de água a partir de quinta-feira. Rússia, Brasil e França sofreram com grandes inundações.

Segundo Copernicus, o fenômeno de El Niño, que aquece a superfície do mar no Oceano Pacífico e provoca um clima mais quente em todo o mundo, continuou enfraquecendo em março. Mas seu "efeito de aquecimento" não explica por si só os drásticos picos registrados no ano passado, segundo Samantha. As previsões para os próximos meses continuam apontando para temperaturas superiores à média, acrescentou.

Os estudos científicos ainda não determinaram qual é a influência da mudança climática em cada acontecimento. Porém, o que se sabe é que o aquecimento global, ao acentuar a perda de umidade da superfície, aumenta a intensidade de certos episódios de precipitação.

Sobre a possibilidade de serem batidos outros recordes nos próximos meses, Samantha advertiu:

— Se continuarmos vendo tanto calor na superfície do oceano (...) é muito provável.

A dúvida sobre esses recordes ultrapassarem ou não as previsões é objeto de debate entre os climatologistas após um ano de 2023 extraordinário — o ano mais quente já registado. Este calor extra "podemos explicá-lo em grande medida, mas não de todo", resumiu Samantha. 

 

Fonte: GZH

Foto: Jefferson Botega / Agência RBS

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