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Com quase 500 locais, novo roteiro religioso e cultural da Serra deve ser lançado em até 30 dias

  • Data: 15/Abr/2024

Rota dos Capitéis - Caminhos da Imigração e da Fé passará por nove cidades da região e uma do Vale do Taquari

 

A religiosidade é o ponto de partida para um novo roteiro turístico que passará por nove municípios da Serra e um do Vale do Taquari. A Rota dos Capitéis — Caminhos da Imigração e da Fé deve ser lançada oficialmente em até 30 dias, e a operacionalização total está prevista para 2025, em mais uma celebração aos 150 anos da imigração italiana no Rio Grande do Sul. A idealização desse projeto, que é encabeçado pelo Centro da Indústria, Comércio e Serviços (CIC) de Bento Gonçalves, começou em 2020.

A rota passará por dez municípios: Bento GonçalvesBoa Vista do SulCarlos BarbosaCoronel Pilar, FarroupilhaGaribaldiMonte Belo do SulPinto Bandeira e Santa Tereza, que ficam na Serra, e Imigrante, no Vale do Taquari. Ao todo, 252 capitéis, 175 capelas, 23 grutas, 16 igrejas e duas ermidas, totalizando 468 construções religiosas, foram mapeados.

 

— O roteiro tem como fundamento principal a religiosidade, que é um dos lemas da imigração italiana: fé e trabalho. Os capitéis são de propriedade privada das famílias, porém, a fé da imigração italiana não se resume unicamente aos capitéis. Então, estamos trabalhando muito forte no sentido de ter as grutas, capelas e as igrejas matrizes de cada município — explica Rogério Capoani, ex-presidente do CIC e coordenador do projeto.

Ao todo, serão 33 rotas circulares, que começam e terminam no mesmo ponto, abrangendo o máximo do território de cada um dos 10 municípios, somando 866 quilômetros. Além disso, haverá uma rota regional, que iniciará em Bento, passando pela sede de cada uma das cidades, totalizando 330 quilômetros. Esses caminhos estão sendo desenvolvidos segundo normas ABNT/ISO e preparados para que possam ser feitos a pé, de bicicleta ou de carro.

— A operação da rota será gradativa. Sabemos muito bem, desde o começo, que é um projeto a longo prazo. Então, são etapas que a gente vem cumprindo desde a sua concepção e construção. Chegamos até o momento importantíssimo de lançá-lo. Agora, as outras etapas serão ao longo do tempo — complementa Capoani.

Três livros, que descrevem todas essas construções da região serviram como base para o projeto,: Perto das Estrelas, de Angela Peretti, Edi Debenetti e Mônica Farias, Amém, Bento Gonçalves e O livro do Capitel, ambos de Fabiano Mazzotti. 

Conforme Marijane Paese, presidente do Conselho Superior do CIC e também coordenadora da iniciativa, em breve será anunciado o patrocinador que investirá aproximadamente R$ 1 milhão para a instalação de cerca de duas mil placas de sinalização viárias, painéis técnicos (com informações para uma melhor experiência do participante e um QR code para acessar o site oficial), painéis culturais (descrevendo um resumo de como surgiu cada instituição, contando valiosíssimas histórias) além de guia de navegação e o próprio site da Rota dos Capitéis. O Sebrae é parceiro do CIC nesse projeto.

— Vamos tentar respeitar e fazer ainda dentro desse mês de abril esse lançamento, com a instalação de uma placa. E claro que leva um tempo de três a quatro meses para a instalação dessas placas, mas acreditamos que a partir da instalação, nesse meio tempo vai rodar o site, criar aplicativos, para que assim que a sinalização estiver pronta, já se possa efetivamente colocar a rota para anúncios gerais — detalha Marijane sobre o cronograma.

Histórias na beira das estradas

Tradição iniciada pelos primeiros imigrantes na segunda metade do século 19, os capitéis são pequenas construções que, normalmente, estão localizadas na beira de estradas. Muitos são de madeira, o que não impede de serem de outros materiais. Dentro, há quadros ou estátuas de santos, às vezes ladeadas por arranjos de flores e castiçais.

— As histórias das capelas refletem as de uma pequena comunidade, de um pequeno vilarejo; a história de um capitel tem o desejo de uma família, remete ao por quê de a pessoa ter construído. Quando buscamos isso, vemos muito os valores da imigração italiana: tudo sempre tinha um motivo, era o pedido de uma graça, um agradecimento, mas sempre com uma peculiaridade — explica Marijane Paese.

Essas histórias estão publicadas em O livro do Capitel, de Fabiano Mazzotti. Uma delas é a de um capitel construído no lote rural número 32 da Linha Leolpoldina, no Vale dos Vinhedos. Segundo o livro, não há um consenso sobre a data e o motivo da construção, mas há gravadas na fachada as letras MNSDL, as iniciais de Minha Nossa Senhora de Lourdes, a quem o capitel é dedicado. 

Outra construção é o capitel família Sganzerla, em Pinto Bandeira, finalizado em 1º de maio de 1975, um agradecimento pela recuperação financeira. Em Monte Belo do Sul, na Linha Armênio, foi erguido em 1940 pela família Panizzi um capitel para simbolizar a devoção a Santo Antônio.

Busca por integração com rota espanhola

Assim como os Caminhos de Caravaggio, outro roteiro turístico religioso da Serra, a ideia dos organizadores é que a Rota dos Capitéis também conte com uma parceria dos Caminhos de Santiago de Compostela, na Espanha. Segundo Rogério Capoani, já há conversas em andamento para isso.

— A Rota dos Capitéis terá os seus mecanismos, assim como os Caminhos de Caravaggio, (como) passaporte, registros, podendo chegar a essa parceria com o consagrado Caminhos de Santiago de Compostela — descreve o coordenador.

Os coordenadores da Rota dos Capitéis não traçam uma meta de quantos turistas devem fazer o roteiro no primeiro ano de funcionamento. No entanto, o foco inicial será divulgar e difundir a novidade entre as pessoas que têm ligações e raízes com a imigração italiana no Rio Grande do Sul.

— Eu acredito que essa vai ser nossa principal estratégia de divulgação, de que esse formato de as pessoas que têm a cidadania italiana poder estar de alguma forma visitando esses empreendimentos, porque o que imaginamos é uma imersão, poder comer o queijo e o pão nas famílias (próximas ou donas dos capitéis)falar com as pessoas que estão nessas famílias — concluí Marijane.

 

 

Fonte: Pioneiro

Foto: Fabiano Mazzotti / Arquivo Pessoal

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