Como os produtores podem se planejar contra os efeitos do El Niño no RS
Intensificação do fenômeno deve acontecer nos meses de julho, agosto e setembro, com impacto ainda mais forte no final do trimestre
A proximidade de um El Niño poderoso ao longo do inverno, depois de um verão que já foi marcado pela ocorrência de La Niña, exige planejamento dos produtores para que os possíveis efeitos do excesso de chuva não sejam tão intensos nas lavouras.
Conforme prognóstico do serviço de meteorologia da Agricultura do Estado, a intensificação do El Niño deve acontecer nos meses de julho, agosto e setembro, com impacto ainda mais forte no final do trimestre. O fenômeno tem efeito direto no aumento da precipitação, com volumes de chuva acima da média em todas as regiões do Rio Grande do Sul.
Cereais de inverno
Em relação às culturas de inverno, que tem o trigo como o principal produto da estação, a recomendação é de que os produtores evitem áreas sujeitas a alagamentos e de difícil drenagem para a implementação das lavouras. Também é recomendado evitar a adubação com nitrogênio antes de chuvas intensas para reduzir as perdas por lixiviação, ou "lavagem" do solo.
A alta umidade, especialmente na primavera, pode favorecer a ocorrência de doenças nas plantas, por isso é necessário monitorar o estado sanitário das lavouras. Já encaminhando-se ao fim do ciclo, a equipe técnica recomenda aos produtores não procrastinarem a colheita, para evitar que o mau tempo impeça a entrada das máquinas nas plantações.
Cultivos sensíveis
Nas produções de hortaliças, que costumam ser bastante sensíveis a intempéries, é preciso atentar para as condições de temperatura e ventilação. Isso evita acúmulo de umidade nas estufas e preserva a qualidade das folhas. A chuva e a umidade acima da média, aliás, exigem atenção quanto ao monitoramento de doenças.
Animais protegidos
Os cuidados prévios também incluem a produção animal. Entre eles, atenção à necessidade de suprimento da alimentação, tendo em vista a diminuição das pastagens pela chuva, a manutenção das estruturas de abrigo preparadas para a ocorrência de temporais, e a proteção dos bichos contra situações de estresse térmico.
De olho no verão
Já para as culturas de primava e verão, que começam a ser planejadas ainda no inverno, além da atenção ao zoneamento agrícola de cada cultura, é indicado fazer a adubação das áreas de cobertura antes das chuvas ou quando o solo tiver disponibilidade de água adequada.
Seguro rural
As condições do clima também exigem planejamento dos produtores quanto ao seguro rural. Com intempéries cada vez mais recorrentes nos últimos anos e maior demanda dos agricultores, as seguradoras vêm estabelecendo regras mais restritas para a liberação dos auxílios. Entre elas, limites diferentes, critérios de avaliação de cobertura, aprovação do zoneamento agrícola, e até procedência das sementes.
Advogado e também produtor de arroz e de soja no Estado, Maurício Gewehr, do escritório Kipper Gewehr, recomenda atenção redobrada quanto aos seguros contratados. Com a exigência maior de comprovações, muitos produtores começaram a ter problemas para conseguir a indenização.
— É importante perguntar para a instituição quais os anexos que compõe a apólice, o que está coberto e o que está fora. Contempla enxurrada, seca, granizo? E como vai ser o cálculo, em cima de toda a área ou somente sobre uma parte? — indica o profissional.
Em caso de precisar acionar o seguro, o produtor deve atentar aos prazos estabelecidos na apólice. O advogado ainda aconselha que os produtores peçam para que o engenheiro agrícola da propriedade acompanhe o perito que fará a avaliação do tamanho do dano.
Já em caso de indenização negada, Gewehr lembra que é preciso obedecer os prazos para o ingresso judicial, que costuma ser no período de um ano.
Fonte: GZH
Foto: Diogo Zanatta / Especial
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