Projeto para transformar lixo em energia pode ter unidade teste instalada na Serra em 2025
Dividido em três fases, o Resíduos Serra (RS UP) prevê operação experimental no aterro Rincão das Flores, no Apanhador
O projeto que prevê transformar resíduos sólidos de municípios da Serra em energia e produtos avançou uma etapa importante quase dois anos depois do ponto de partida, em setembro de 2021. Desenvolvido pela Universidade de Caxias do Sul (UCS), com adesão de 32 municípios da região, o Resíduos Serra (RS UP) recebeu licença prévia da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) no mês passado. A conquista é uma das etapas necessárias para a liberação da instalação de uma unidade teste no aterro Rincão das Flores, na localidade de Apanhador, divisa entre Caxias do Sul e São Francisco de Paula.
Se tudo ocorrer dentro do cronograma previsto, a operação experimental poderá entrar em funcionamento em 2025.
— Durante um ano, analisamos os resíduos urbanos dos municípios. Depois, pegamos uma amostra e fizemos testes nestas tecnologias, de pirólise e biodigestão, para gerar produtos. A partir disso, entregamos os resultados ao órgão ambiental (Fepam) que, de posse disso, agora, emitiu essa licença prévia. Essa licença é um indicativo que os resultados são positivos e o local onde está sendo solicitado que seja instalada a unidade teste (aterro Rincão das Flores) é adequado — explica o coordenador técnico do RS UP e responsável pelo Laboratório de Energia e Bioprocessos da UCS, professor Marcelo Godinho.
Para que a unidade teste saia do papel, entretanto, novas etapas precisam ser cumpridas. A operação, que terá caráter experimental, prevê ter capacidade máxima de processamento de cinco toneladas diárias de resíduos sólidos urbanos. Conforme Godinho, a nova fase da proposta necessita da adesão contratual dos 32 municípios envolvidos, desenvolvimento de um projeto executivo e estudos adicionais. O objetivo é garantir uma licença de instalação.
— A partir de todas as licenças necessárias, eles (Fepam) nos dão um ano para essa unidade teste operar. O objetivo é testar e avaliar os resultados nesse período. Após, todos os dados são entregues ao órgão ambiental e, então, diante de uma nova análise, poderá ter a autorização para a instalação de equipamentos de grande porte. Todas essas etapas precisam ser cumpridas — reforça Godinho.
Entre os benefícios ambientais atrelados ao projeto, o professor Godinho ressalta a redução dos gases de efeito estufa a partir da descarbonização. A iniciativa também dialoga com os objetivos do Plano Nacional de Resíduos Sólidos de eliminação de lixões e aterros controlados.
— O processo prevê o sequestro carbono, a geração de produtos de interesse ambiental e com valor de mercado, como o hidrogênio, integrando a região na Economia do Hidrogênio, e o char, que é rico em carbono e tem diversas aplicações — conclui o docente.
O projeto
:: O projeto Resíduos Serra (RS UP) constitui-se no desenvolvimento de alternativas tecnológicas que buscam a destinação sustentável de resíduos sólidos urbanos (RSUs), transformando-os em energia e produtos.
:: A partir do processo de pirólise (decomposição térmica na ausência ou deficiência de oxigênio) podem ser obtidos como produtos o char, o óleo de pirólise e o gás de síntese, enquanto no processo de pirólise combinado com reforma catalítica também pode ser obtido o hidrogênio (H2). Já no processo de biodigestão de lixiviado pode ser obtido biogás ou, ainda, biometano.
:: O RS UP é uma iniciativa idealizada pelo Conselho Regional de Desenvolvimento da Serra (Corede Serra), pelo Consórcio Intermunicipal de Desenvolvimento Sustentável da Serra Gaúcha (Cisga) e pela Associação dos Municípios da Encosta Superior do Nordeste (Amesne), responsáveis pela governança do projeto.
Fases
:: A primeira fase do projeto, concluída no último mês de março, envolveu a caracterização dos RSUs e a investigação das alternativas tecnológicas para geração de energia e produtos de valor agregado, com ensaios executados nos laboratórios de Energia e Bioprocessos (Lebio), de Tecnologia Ambiental (Latam) e na Fazenda Escola da UCS.
:: A segunda fase, cuja etapa inicial depende de contratação pelos municípios envolvidos, contempla todas as exigências do órgão ambiental para a liberação da licença de instalação da unidade teste.
:: Após a implantação, operação e verificação da viabilidade técnica e ambiental da unidade teste, o projeto prevê a construção de uma unidade regional de porte industrial.
Municípios que aderiram ao projeto
Antônio Prado, Bom Jesus, Carlos Barbosa, Caxias do Sul, Coronel Pilar, Cotiporã, Fagundes Varela, Farroupilha, Flores da Cunha, Garibaldi, Gramado, Guaporé, Montauri, Monte Belo do Sul, Muitos Capões, Nova Araçá, Nova Bassano, Nova Pádua, Nova Petrópolis, Nova Prata, Nova Roma do Sul, Paraí, Pinto Bandeira, Protásio Alves, Santa Tereza, São José dos Ausentes, São Marcos, Serafina Corrêa, União da Serra, Veranópolis, Vila Flores e Vista Alegre do Prata.
Fonte: Pioneiro
Foto: Bruno Todeschini / Agência RBS
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