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Oito cidades da Serra gaúcha já têm mais assassinatos em 2023 do que em todo o ano passado

  • Data: 10/Out/2023

Crescimento da violência de janeiro a setembro afeta Bento Gonçalves, Campestre da Serra, Carlos Barbosa, Esmeralda, Guaporé, Jaquirana, Nova Prata e São Jorge

 

A Serra gaúcha teve mais assassinatos de janeiro a setembro deste ano na comparação com o mesmo período de 2022. São 195 casos em 2023 contra 132 registrados de janeiro a setembro do ano passado, o que representa aumento de 47,7%. Ao todo, no ano passado a Serra contabilizou 222 crimes, segundo dados do governo do Rio Grande do Sul. 

Mas o dado que chama mais atenção refere-se a oito municípios da Serra. Juntos, Bento Gonçalves, Campestre da Serra, Carlos Barbosa, Esmeralda, Guaporé, Jaquirana, Nova Prata e São Jorge, conforme levantamento do Pioneiro, somam 65 mortes violentas de janeiro a setembro deste ano.  Em todo o ano passado, essas cidades haviam registrado 31 crimes, ou seja, a três meses do fim de 2023, o crescimento já é 109% (veja tabela abaixo)

A tabela do jornal Pioneiro considera no levantamento os casos de homicídio, latrocínio, confronto com a polícia, feminicídio e lesão corporal seguida de morte. A comparação de dados é feita os dados da Secretaria de Segurança Pública (SSP) do Rio Grande do Sul. 

Há outro detalhe que chama atenção: Canela (5), Cotiporã (1) e Flores da Cunha (3), em nove meses, se igualaram ao número de mortes de todo 2022. Nos demais municípios da Serra, 13 deles registraram menos crimes em relação ao mesmo período de 2022. Em 28 cidades, não houve assassinatos.   

Tráfico de drogas como motivo principal dos crimes

Dos 15 crimes contra a vida em Guaporé neste ano, cidade que teve quase dobrou a estatística em relação ano passado, a maioria foi resultado de confronto entre grupos criminosos pelo domínio do tráfico de drogas na cidade, segundo o delegado da Polícia Civil Tiago Lopes de Albuquerque.

— Essas mortes todas têm como pano de fundo o tráfico de drogas. Decorrem da disputa entre facções criminosas pelo controle do tráfico de drogas na cidade e região, fomentada pelo alto consumo de drogas na cidade — pondera. 

Albuquerque complementou que de 11 homicídios, nove estão esclarecidos e com os autores presos. Outras quatro mortes aconteceram em confrontos com a Brigada Militar. 

Em Carlos Barbosa, a situação é similar, de acordo com o delegado Marcelo Ferrugem: 

— Houve um aumento no número de indivíduos indiciados por envolvimento com o tráfico de drogas, inclusive dentro do sistema penitenciário. Ao que tudo indica as ordens para as execuções saem de dentro do presídio.

O titular da Delegacia Regional da Serra, Augusto Cavalheiro Neto, reforça que Carlos Barbosa fica entre Farroupilha e Bento Gonçalves, municípios que têm maior índice de crimes, por isso, a violência respinga ali.

— A gente credita esse aumento em relação aos outros anos devido à proximidade (de Carlos Barbosa) com centro maiores, onde as facções e disputas por tráfico estão mais elevados. Carlos Barbosa é caminho para o tráfico e pega esses reflexos — afirma o delegado.

"As forças já estão atuando para frear esses índices"

Os 18 crimes contabilizados no ano passado na Capital Nacional do Vinho, segundo Cavalheiro, resultaram no menor índice de crimes nos últimos 10 anos na cidade. Essa redução é vista como fora da curva e por isso não devem ser utilizada como parâmetro com 2023, segundo o delegado regional. Bento Gonçalves teve 29 casos de janeiro a setembro.  

— Em 2018, 51 mortes foram registradas em Bento, outras 48 em 2019, em 2021 foram 41 e agora em 2023, estamos com 30 (o delegado incluiu na soma um caso de outubro). Se ver esses números antigos, percebemos que estamos dentro do estável, mas, acima da média do que o ano passado. As forças já estão atuando para frear esses índices — reforça o delegado regional. 

No município, desavenças envolvendo o tráfico de drogas e a lavagem de dinheiro impulsionariam boa parte das mortes, por isso, segundo Augusto Cavalheiro, ações integradas estão sendo realizadas pela Brigada Militar, Polícia Civil e Susepe. Essas atividades envolvem troca de informações entre as três instituições para o trabalho de investigação, elucidação e prisão dos envolvidos nos crimes. 

O comandante do Comando Regional de Polícia Ostensiva da Serra (CRPO/Serra), coronel Márcio José Rosa da Luz, reforça que o problema está identificado e a polícia está agindo para o combate dos crimes. 

— Tivemos um aumento dos crimes, mas, tivemos um aumento de prisões logo em seguida dos eventos também bastante significativo. É um fenômeno que está acontecendo pela migração das facções da Região Metropolitana e do Vale dos Sinos. Eles vêm pra cá e tentam se expandir em municípios menores como Guaporé e Carlos Barbosa — explica Luz. 

O coronel afirma que a Brigada Militar trabalha com "ações cirúrgicas". Após os crimes, articula-se o sufocamento das organizações criminosas. Contudo, com a expansão e reorganização desses grupos, há novos homicídios. Para deixar a população mais tranquila, segundo Luz, ele divulga que a BM e as demais forças de segurança estão atuantes e trabalhando barrar mais mortes. 

Como exemplo, o coronel usou o caso do bebê Benício Paim Costa, morto na tarde de domingo, 1º de outubro, em Caxias do Sul. Segundo Luz, após o ataque contra pai e filho, as forças se integraram e conseguiram em um curto espaço de tempo identificar e prender um dos suspeitos. 

 

Fonte: Pioneiro

Foto: Divulgação / Brigada Militar

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