Ingresso em cursos EAD no RS cresce acima da média nacional
Segundo Inep, foram 97,8 mil ingressantes em graduações a distância no Estado somente no ano passado
O número de ingressantes em graduações a distância no Rio Grande do Sul aumentou 34,4% em 2022. Em 2021, 72,4 mil alunos entraram em cursos na modalidade EAD no Estado, sendo que no ano passado, o número saltou para 97,8 mil. As informações são do Censo da Educação Superior 2022, divulgado pelo Ministério da Educação (MEC).
No presencial, foram 30,2 mil ingressantes no RS no mesmo período. O mapeamento leva em consideração cursos de instituições de ensino particulares e da rede pública.
O aumento superou a média nacional, que ficou em 25% no mesmo período. Em 2021, 2,4 milhões de estudantes em todo o país ingressaram em cursos EAD de Ensino Superior. Em 2022, o foram 3,1 milhões. O levantamento é conduzido pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).
Nos últimos 10 anos, o salto foi ainda mais expressivo: houve crescimento de 622% no número de ingressantes em cursos de graduação EAD no Estado. Em 2012, foram 13,5 mil, dado muito inferior aos 97,8 mil registrados em 2022. Em âmbito nacional, esse aumento foi de 471%, levando em consideração o mesmo período.
Os dados mostram a crescente busca dos estudantes por opções de cursos na modalidade remota. Com isso, a oferta é cada vez maior. Em instituições gaúchas de ensino, em 2012, eram disponibilizadas 79 mil vagas em cursos de graduação EAD. Em 2022, foram ofertadas 112 mil vagas, um aumento de 41,5% em 10 anos.
O levantamento do Inep ainda mostra que o Rio Grande do Sul é o Estado com maior percentual de doutores dando aula no Ensino Superior no Brasil. No total, 63% dos docentes em exercício têm título de doutorado.
Especialistas preocupados com a explosão do EAD
O crescimento do formato EAD acende um alerta entre especialistas a respeito da qualidade dos profissionais que estão sendo formados, tendo em vista a regulação frágil do setor e da dificuldade de mensurar o nível dessas graduações. Segundo o Censo da Educação Superior, o número de cursos na modalidade ofertados no país aumentou de 1.148 em 2012 para 9.186 no ano passado.
Para Rodrigo Bouyer, avaliador do Inep, o ensino a distância surgiu como alternativa de acesso à educação superior com mensalidades mais acessíveis.
— Nós temos assistido desde 2018, quando excluímos cursos exclusivamente presenciais, que já há mais ingressantes na educação a distância no Brasil do que no presencial. Ano após ano, essa distância vai ficando maior e vamos assistindo cada vez menos estudantes podendo estudar pela educação presencial — destaca.
O especialista explica que, desde 2017, a abertura de centros de educação remota no Brasil ficou mais fácil. Não há a necessidade de fiscalização por parte do governo federal sobre cada polo que surge. — Dependendo da avaliação institucional, a instituição recebe o direito de abrir um determinado número de polos pelo Brasil, e isso gerou um grande desequilíbrio da oferta de cursos espalhados por todo o território nacional — conclui.
Para o ministro da Educação, Camilo Santana, o cenário de explosão dos cursos a distância no país é “alarmante e desafiador”. Priscila Cruz, presidente-executiva do Todos pela Educação, também manifestou preocupação com a situação, em vídeo divulgado nas redes sociais do movimento. De acordo com ela, um dos maiores problemas envolvidos nesse processo é a formação de professores, que pode gerar consequências negativas no futuro.
— Alguns poucos estão ganhando muito para que toda a educação brasileira tenha um prejuízo gigantesco. Precisamos de professores de qualidade em cada sala de aula. Todas as outras políticas dependem do bom professor — afirma.
Priscila ressalta que a regulação dos cursos a distância é fundamental, e sugere que o governo proíba que cursos de educação superior de formação de professores sejam ministrados na modalidade remota.
Sobre o Censo da Educação Superior
Realizada anualmente pelo Inep, a pesquisa oferece dados sobre as instituições de Ensino Superior do Brasil que ofertam cursos de graduação e sequenciais de formação específica, bem como sobre seus alunos e docentes. De acordo com o instituto, o levantamento utiliza as informações do cadastro do Sistema e-MEC, em que são mantidos os registros de todas as instituições, seus cursos e locais de oferta.
A partir disso, coleta dados sobre infraestrutura das instituições, vagas oferecidas, candidatos, matrículas, ingressantes, concluintes e docentes, nas diferentes formas de organização acadêmica e categoria administrativa. O objetivo da pesquisa estatística é oferecer informações detalhadas sobre a situação e as tendências da educação superior brasileira, assim como guiar as políticas públicas do setor.
Após a divulgação, as informações passam a figurar como dados oficiais do nível educacional. Além de subsidiar a formulação, o monitoramento e a avaliação de políticas públicas da educação superior, o Censo contribui para o cálculo de indicadores de qualidade, como o Conceito Preliminar de Curso (CPC) e o Índice Geral de Cursos Avaliados da Instituição (IGC).
Fonte: GZH
Foto: Caco Konzen / Especial
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