Supermercados miram lei complementar e sugerem 25 itens para cesta básica isenta
Entendimento da Associação Brasileira de Supermercados, que criou lista de produtos, é de que o cashback é ineficiente como medida distributiva, quando aplicado ao setor alimentício
De olho nas leis complementares que vão regulamentar a reforma tributária, a Associação Brasileira de Supermercados (Abras) já se movimenta para garantir a inclusão de itens que considera essenciais na cesta básica isenta.
A entidade também vem reforçando com parlamentares o entendimento de que o cashback (sistema de devolução de tributos à baixa renda) é ineficiente como medida distributiva, quando aplicado ao setor alimentício. O objetivo é reafirmar a importância da desoneração e evitar que o dispositivo ganhe ainda mais espaço durante a regulamentação.
Em estudo apresentado nesta quarta-feira (1º), a entidade listou 25 itens que deveriam compor a cesta isenta, a qual não terá a incidência do novo IVA (o Imposto sobre Valor Agregado, que vai substituir cinco tributos).
— Esse é o grupo de produtos que nós entendemos que deveriam constar na cesta isenta, mas tudo isso será discutido na lei complementar— , afirmou o presidente da Abras, João Galassi. A lista inclui itens como carne bovina, peixe, arroz, feijão, frutas, leite, iogurte e pão francês (confira abaixo).
Durante a tramitação da reforma na Câmara, a Abras propôs uma lista maior, com 38 produtos, que também contemplava higiene e limpeza - mas essas categorias agora estão incluídas nas alíquotas reduzidas.
Dois tipos de cestas
O relator da proposta no Senado, Eduardo Braga (MDB-AM), atendeu a um pedido do Ministério da Fazenda e criou dois tipos de cesta. Uma totalmente desonerada, dedicada a alimentos de primeira necessidade. E outra estendida, que terá alíquota reduzida (desconto de 60%) e sistema de cashback.
O objetivo foi tentar "fechar a porteira" a excessos, haja vista que cestas básicas estaduais contemplam itens extremamente diversos, como capacete e pão de queijo. O desenho, no entanto, gera preocupações no setor supermercadista, que já antevê embates na leis complementares.
— Não nos opomos (ao parecer do relator no Senado). O único temor é o seguinte: Como haverá cashback em cima da cesta estendida, que se tire o máximo de produtos da isenta para passar à estendida — diz o presidente da Abras.
Carne bovina
Para exemplificar o efeito ao consumidor, Galassi citou a carne bovina. Se estiver na cesta isenta, o item pode ter redução de impostos; por outro lado, na ampliada, teria um aumento de até 30% do valor pago atualmente, de acordo com o executivo.
Estudo da Abras, assinado pelos economistas Roberto Giannetti da Fonseca e Paulo Rabello de Castro, indica que a desoneração da cesta resultará em uma economia de R$ 26,3 bilhões por ano às famílias - dinheiro que deixará de entrar nos cofres públicos. As duas classes de renda mais baixas se apropriariam de 32% desse total e as três faixas da classe média, 57%.
Os números se contrapõem a um levantamento elaborado pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e entregue ao relator da reforma no Senado, Eduardo Braga. No documento, a Corte afirma que a isenção da cesta terá custo bilionário e beneficiará mais os ricos que os pobres. E aponta o cashback ou o incremento do Bolsa Família como alternativas.
Crítica ao cashback
Em meio às críticas à desoneração, a Abras teme que o uso do cashback seja ampliado na regulamentação da reforma.
— Na lei complementar, pode-se começar a discutir: Ah, por que não coloca mais cashback em vez de dar mais desoneração?— pontua Galassi. — O ponto é: desoneração é muito mais eficiente do que qualquer cashback.
Para Giannetti da Fonseca, o uso do cashback para devolução de tributos sobre consumo é equivocado.
— Esse imposto não distingue pessoas e sim produtos. Por isso os itens têm de ter alíquotas diferentes: os supérfluos com alíquota maior e os essenciais com zero ou reduzida.
Ele argumenta que o cashback foge dessa lógica de diferenciação pela essencialidade e tem problemas adicionais, como o sistema pelo qual será feito o corte dos beneficiários e o custo de gestão.
O economista avaliou que o cadastro único atinge somente uma parcela da população pobre, sem abarcar os invisíveis e também a parcela que está logo acima do "corte", a classe média baixa. Além disso, afirmou que o custo para a administração do cashback será oneroso "para distribuir aquilo que não deveria ter sido arrecadado."
A desoneração da cesta básica, emendou, seria uma forma mais simples e eficiente de beneficiar a população. "Se for cobrar mais da população rica, ótimo, mas que se cobre no Imposto de Renda, que é onde deve ser feita a diferenciação de pessoas."
Confira abaixo a lista completa elaborada pela entidade
Proteínas
- Carne bovina
- Carne de frango
- Carne suína
- Peixe
- Ovos
- Farinhas e massas
- Farinha de trigo
- Farinha de mandioca
- Farinha de milho
- Massas alimentícias
- Pão francês
- Laticínios
- Leite UHT
- Leite em pó
- logurte
- Leite fermentado
- Queijos
- Manteiga
Cereais e leguminosas
- Arroz
- Feijão
- Outros
- Café
- Açúcar
- Óleo de soja
- Óleo vegetal
- Margarina
FLV
- Frutas
- Legumes e Verduras
Fonte: GZH
Foto: Marcelo Casagrande / Agência RBS
Outras notícias
-
Eventos em Nova Bassano destacam as tradições dos imigrantes italianos
Município será sede do 28º Encontro Nacional dos Difusores do Talian e da Olimpíada do Talian, nos dias 29 e 30 de novembro. Eventos terão a participação de estudantes do Projeto Cucagn ...
Saiba Mais -
Psicóloga da Serra opina sobre projeto que prevê proibir celulares em escolas
Texto em tramitação indica liberação apenas para ações pedagógicas. Em escola de Caxias, alunos deixam equipamento em uma caixa e só têm acesso no recreio Considerado por muitos quase como u ...
Saiba Mais