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Saiba quais são os cinco municípios com a população mais jovem do Rio Grande do Sul

  • Data: 09/Nov/2023

Maior média de filhos, atração de mão de obra e busca por melhor qualidade de vida podem ajudar a explicar os dados revelados, avalia especialista do IBGE

 

Que o Rio Grande do Sul é o Estado mais velho e com o maior porcentual de idosos do Brasil, não restam dúvidas desde que se tornaram públicos os resultados do Censo Demográfico, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Ainda assim, muitos municípios do RS se destacam por terem uma população bastante jovem.

O índice de envelhecimento gaúcho é de 115, o que significa dizer, em outras palavras, que são 115 idosos para cada cem crianças e adolescentes. O topo do ranking é ocupado por Coqueiro Baixo, que tem 277,14 pessoas de 65 anos ou mais para cada cem de 0 a 14 anos.

Na parte de baixo dessa tabela, a balança se inverte, com comunidades mais jovens.

— De fato, a gente tem um cenário de envelhecimento da população. Já tínhamos visto isso no Censo de 2010 e esse processo se intensificou na última década. Mas também temos municípios que são, digamos, mais jovens. E os fatores que determinam essa condição são diversos, variando de uma cidade para outra - explica o coordenador operacional do Censo 2022 no Rio Grande do Sul, Luís Puchalski.

Top cinco municípios mais jovens do RS

De acordo com o IBGE, o Brasil contabiliza 5.568 municípios. As localidades mais juvenis ficam no norte do país. Exemplo disso é Uiramitã, em Roraima, que a cada cem crianças e adolescentes soma apenas 5,40 idosos.

No Estado gaúcho, a diferença não chega a ser tão expressiva. Por isso, os municípios com menos idosos proporcionalmente à população de 0 a 14 anos só estão entre as posições 701º e 1082º no ranking nacional.

1. Redentora

Localizada no noroeste do Rio Grande do Sul, Redentora possui 9.738 habitantes. O índice de envelhecimento é de 35,81 (idosos para cada cem crianças e adolescentes). A cidade ocupa a 701ª posição no ranking nacional. De acordo com Puchalski, o cenário pode ser explicado por uma característica específica do município: a grande presença indígena.

— Em 2010, ele já era considerado mais jovem que a média do Estado. Embora nós não tenhamos ainda os dados relativos à fecundidade, pelos números dos censos anteriores e com base no conhecimento acerca dessa população, nós sabemos que, normalmente, o índice de fecundidade, a média de filhos por mulher, é maior entre os indígenas. Isso faz com que a reposição populacional seja maior e mais jovem — argumenta.

Em Redentora, 43% da população é indígena. Dos mais de 9,7 mil moradores, em torno de 2,5 mil têm entre 0 e 14 anos. O número de idosos com 65 anos ou mais, segundo o Censo 2022, não chega a mil (906).

2. Barra do Quaraí 

O município fica na Fronteira Oeste e contabiliza 4.241 habitantes segundo IBGE. Em 802º no ranking nacional, registra um índice de envelhecimento da população de 37,70. No entendimento de Puchalski, outros fatores colaboraram com a quantidade expressiva de crianças e adolescentes em relação ao número de pessoas de idade mais avançada:

— Se olharmos para a Fronteira Oeste, a região da Campanha e até mesmo para o Sul do Estado, nós percebemos grandes municípios perdendo moradores em relação ao Censo 2010. Temos algumas exceções e Barra do Quaraí é uma delas. Houve um crescimento, assim como Santana do Livramento. Ambos fazem fronteira com o Uruguai. Uma das hipóteses é de que, devido ao aumento do custo de vida no país vizinho, nos últimos anos, muitas pessoas decidiram continuar trabalhando no Uruguai, mas morando do lado de cá da fronteira.

De acordo com o coordenador operacional do Censo 2022 no Rio Grande do Sul, os dados relacionados a movimentos migratórios ainda não foram divulgados, mas, muito provavelmente, essa migração foi realizada por pessoas jovens em idade reprodutiva, ou até mesmo acompanhadas de seus filhos.

3. Lindolfo Collor

Com 6.248 habitantes, ocupa a posição 920º entre os 5.568 municípios brasileiros quando o assunto é envelhecimento populacional. São 39,30 pessoas com 65 anos ou mais para cada cem crianças e adolescentes, tornando a cidade a terceira mais jovem do Estado.

Lindolfo Collor fica no Vale do Sinos, próxima a grandes metrópoles.

— Você tem cidades maiores, como Novo Hamburgo, São Leopoldo, e o que se imagina: que parte das populações maiores, como a de Novo Hamburgo, pode ter migrado para o entorno em busca de qualidade de vida, de uma região mais sossegada, com menor índice de violência. Muitas vezes, essas pessoas são mais jovens e até mantêm o trabalho nos municípios maiores. E, principalmente, depois da pandemia, com a possibilidade de trabalho remoto, não se descarta que tenham migrado, inclusive, de Porto Alegre — cogita o especialista.

4. São José dos Ausentes

Por muito pouco, o município da Serra gaúcha, com 4.172 habitantes, não ficou em terceiro lugar dentre os municípios mais jovens do Rio Grande do Sul. De acordo com o IBGE, o índice de envelhecimento de São José dos Ausentes é de 39,78 (pessoas com 65 anos ou mais para cada cem de 0 a 14 anos).

Nos anos 2000, houve um processo de pavimentação na região, dando condições para que a cidade pudesse se desenvolver. Esse é um dos fatores que pode ter colaborado com o incremento (e rejuvenescimento) populacional, explica Luís Puchalski:

— Houve investimento, principalmente, no setor agropecuário. Tem produção de batata, brócolis, maçã, que são culturas que demandam mão de obra. Isso acaba atraindo população jovem. Talvez em menor efeito, mas o turismo na região tem crescido através de pousadas e negócios menores, podendo servir também como um atrativo.

5. Candiota

A cidade fica localizada na Campanha e tem 10.710 habitantes. O índice de envelhecimento chega a 41,41 (pessoas com 65 anos ou mais para cada cem de 0 a 14 anos).

— Na região, existem assentamentos da reforma agrária, cujas famílias costumam ser mais jovens. Mesma característica de quem é atraído para trabalhar na usina termelétrica. Aí eles vêm com seus filhos ou têm ali mesmo — avalia o especialista.

O trabalho de análise continua

De acordo com Puchalski, ainda existem muitas informações que poderão explicar migrações e outros comportamentos populacionais observados pelos números do Censo 2022. As análises, portanto, não param por aqui.

À medida que mais dados forem divulgados, são aguardadas avaliações com uma riqueza maior de detalhes.

 

Fonte: GZH

Foto: nadezhda1906 / stock.adobe.com

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