Estudo comprova a eficácia da vacina oferecida pelo SUS na prevenção contra o HPV
Pesquisa liderada pelo Hospital Moinhos de Vento analisou dados de todas as regiões do Brasil
Liderado pelo Hospital Moinhos de Vento, a pesquisa POP – Brasil II confirmou que a vacina quadrivalente contra o papilomavírus humano (HPV) é um método eficiente de prevenção de infecções associadas ao câncer de colo uterino. Os dados mostram que as taxas de contágio pelos quatro tipos de HPV contidos no imunizante reduziram consideravelmente desde que a vacina começou a ser oferecida pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em 2014.
O Ministério da Saúde estima que, além dos quase 10 milhões de infectados pelo HPV no Brasil, novos 700 mil casos sejam registrados todo ano. Existem mais de 200 tipos (cepas) de HPV, mas são 12 os oncogênicos, ou seja, aqueles que podem provocar câncer. O HPV também pode causar tumores em outros locais, como vagina, vulva, ânus, pênis, orofaringe e boca.
E, de acordo com a POP – Brasil II, a vacina é um dos principais ativos que atuam na prevenção contra HPV de alto risco, como são chamadas as infecções associadas ao câncer de colo uterino. Segundo a coordenadora principal do projeto e médica epidemiologista do Hospital Moinhos de Vento, Eliana Wendland, os resultados provaram que as taxas de infecção reduziram consideravelmente nos últimos anos.
— A infecção segue crescendo e tendo números importantes no Brasil, mas não para os tipos de HPV contidos na vacina oferecida pelo SUS. Neste número, há uma diminuição muito significativa, tanto para pessoas vacinadas quanto para os não imunizados. Esse estudo inédito prova o impacto do imunizante — pontua.
A pesquisa foi realizada a pedido do Ministério da Saúde, via Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (Proadi-SUS). O hospital porto-alegrense foi responsável por coordenar a coleta e análise de dados em todas as regiões brasileiras e no Distrito Federal. Ao total, participaram do levantamento 450 profissionais de saúde e mais de 205 unidades básicas de saúde (UBS).
Os trabalhos começaram no triênio 2015-2017, quando foram atualizados dados sobre a taxa de infecção. Na segunda fase, de 2020-2023, houve nova coleta de dados para comparar os níveis de contaminação. Foram incluídos 12,7 mil jovens de 16 a 25 anos em 26 capitais do Brasil. Os participantes responderam a um questionário sobre aspectos sociodemográficos, hábitos de vida, consumo de álcool e drogas, conhecimento de HPV e outras infecções sexualmente transmissíveis (IST), histórico vacinal de HPV e comportamento sexual.
Outros resultados
Além de comprovar a eficácia, o estudo também buscou analisar outros fatores referentes às taxas de infecção. Por exemplo, comparando-se os dados da população não vacinada do primeiro estudo, de 2015 a 2017, com a população total do segundo estudo (vacinados e não vacinados), observa-se uma diminuição importante dos tipos de HPV contidos na vacina quadrivalente. O número foi de 15,6% para 7,9%. Comparando os dados dos não vacinados com os de vacinados, essa diminuição é ainda maior: de 15,6% para 3,6%.
Os pesquisadores também queriam entender se havia a necessidade de trocar a vacina quadrivalente pela nonavalente, que abrange mais tipos de infecções e é oferecida pela rede privada. Os resultados mostraram que os tipos de HPV contidos na vacina nonavalente também apresentaram uma redução importante nas taxas de infecção. A redução foi de quase seis pontos percentuais, saindo de um índice de 30,2% para 24,7%.
— Esse foi o primeiro estudo do Brasil a trazer a observar a prevalência da infecção anal por HPV na população jovem. As taxas são bem altas. Nas mulheres, são muito semelhantes às taxas de infecção genital, mesmo naquelas que não fizeram sexo anal. Existia essa ideia de que só homens que se relacionam com outros homens ou pessoas que fazem sexo anal que acabam tendo essa infecção, mas vimos que não é verdade. A população em geral tem grandes índices de infecção anal — observa a coordenadora da pesquisa.
O estudo não deve ter outras etapas, afirma Eliana. A extensão do projeto depende dos recursos e demandas do Ministério da Saúde. Mas o grupo de pesquisadores pretende usar os dados coletados para analisar as taxas de infecção em outras populações específicas, com o objetivo de entender melhor o comportamento e a prevalência do HPV na população jovem.
Fonte: GZH
Foto: Bruno Todeschini / Agência RBS
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