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HPV é silenciosa e pode desencadear diferentes tipos de câncer

  • Data: 19/Fev/2024

Doença não tem cura, mas possui tratamento eficaz, aponta especialista; vacina é disponibilizada pelo SUS

Especialistas estimam que pelo menos 80% da população sexualmente ativa no mundo tenham o Papilomavírus Humano (HPV, na sigla em inglês). Transmitida durante relações sexuais, doença apresenta poucos sinais, podendo levar meses – ou até anos – para desenvolver lesões na pele e desencadear diferentes tipos de câncer, sendo o mais comum o de colo de útero.

O Ministério da Saúde aponta que existem mais de 150 variantes do vírus, dos quais os tipos seis, 11, 16 e 18 são os mais comuns na população e apresentam maior potencial de desenvolvimento cancerígeno. Chefe do serviço de Coloprotologia da Santa Casa de Porto Alegre, o médico Daniel Azambuja explica a maior incidência destas cepas do vírus.

— O não tratamento do HPV, a falta de uma avaliação adequada, pode fazer com que ele se desenvolva para um câncer. Os mais comuns são do colo do útero, especialmente em mulheres, e outros nas regiões genitais, como de vagina, vulva, no pênis e ânus. Existem alguns tipos do vírus mais relacionados com o câncer, o 16 e o 18. Eles são diferenciados por alterações genéticos do DNA do vírus.

A Infecção Sexual Transmissível (IST) tem mais prevalência em homens, que representam aproximadamente 50% dos casos registrados no mundo. Nos Estados Unidos, por exemplo, há registros de 14 milhões de novos casos por ano, apontam dados do Manual MSD.

Para Azambuja, os altos números de infectados pelo vírus se explicam pela ausência de sinais da doença. As verrugas e lesões genitais, sintomas mais característicos do HPV, podem levar meses e até anos para ser perceptíveis.

— Surgem verrugas, próximas da região genital, que podem dar um pouco de coceira e até sangramento. Se não tratar, essas verrugas vão crescendo e aumentam os riscos de desenvolvimento de algum câncer. São lesões que podem levar meses e até anos para se desenvolver, geralmente ocorre em um momento específico, como baixa da imunidade. As vezes pode demorar para dar sinais e pessoa transmite sem ter algo (lesão) aparente ou saber que tem o vírus — explica.

O vírus é sexualmente transmissível e pode ser contraído mesmo que não ocorra penetração na relaçãoA contaminação acontece a partir do contato com secreções genitais de alguém já infectado pelo vírus.

— A disseminação é local, em locais com mucosa, como o pênis e a vagina. Existem casos de mucosa oral. A transmissão se dá por contato sexual ou pelas secreções, não é restrito à penetração — diz.

Por isso, Azambuja alerta que é importante ficar atento a lesões nas regiões íntimas do parceiro antes da relação e, caso identifique algo, “cuidar e evitar” o contato. Como prevenção prévia, é indicado o uso correto de preservativos – seja masculino ou feminino – e a realização regular de exames, como papanicolau e avaliação médica de possíveis lesões.

Diagnóstico e tratamento

Apesar de não ter cura, há tratamentos eficazes para evitar o desenvolvimento da doença para casos mais sérios, como em cânceres. Quando diagnosticado com HPV e com o surgimento das verrugas, o paciente pode ser submetido a uma série de procedimentos – que variam conforme cada caso – que ajudam a frear a progressão da infecção no organismo.

Entre os métodos, Azambuja revela que a verruga pode ser “cauterizada à laser” ou passar por crioterapia – processo que congela a ferida. Outras opções que antecedem estes procedimentos fazem uso de pomadas e aplicação constante de ácido tricloroacético, durante semanas e até meses. Apesar do tratamento frear o desenvolvimento das lesões, elas podem voltar a surgir futuramente.

— Não se consegue exterminar o vírus, uma vez o tendo, vai ter para sempre. Quem trata consegue levar uma vida normal. É importante ficar atento e fazer os cuidados de prevenção ao câncer, tratar as verrugas quando surgem. Não conseguimos erradicar  frisa.

Vacinação

Não obrigatória e disponibilizada pelo Sistema Único de Saúde (SUS) nos postos de saúde do Brasil, a vacina contra o HPV tem como foco as duas variantes do vírus que mais resultam no desenvolvimento de algum câncer: os tipos 16 e 18. A aplicação dos imunizantes concentra-se em crianças e adolescentes.

— O uso é indicado em crianças a partir dos nove anos, seja menina ou menino. É uma fase antes da idade sexual, um período que se consegue ter mais certeza que não existe relação sexual. A vacina pode ser o grande divisor de águas no futuro para diminuir essa incidência tão alta — explica Azambuja.

Um vacinado pode contrair o vírus. No entanto, o imunizante estimula o desenvolvimento de anti-corpos e caso ocorra infecção, os casos tendem a ser mais leves e menos perigosos. Confira os grupos listados pelo Ministério da Saúde cujo a aplicação é indicada:

  • Vítimas de abuso sexual de nove a 14 anos (homens e mulheres) que não tenham recebido a vacina HPV ou estejam com esquema incompleto. Administrar conforme a indicação da situação vacinal uma ou duas doses
  • Vítimas de abuso sexual de 15 a 45 anos (homens e mulheres) que não tenham tomado a vacina HPV ou estejam com esquema incompleto. Administrar conforme a indicação da situação vacinal, completando três doses da vacina HPV (0, dois, seis meses)
  • Meninas e meninos de nove a 14 anos, com esquema de duas doses. Adolescentes que receberem a primeira dose dessa vacina nessas idades poderão tomar a segunda dose mesmo se ultrapassado os seis meses do intervalo preconizado, para não perderem a chance de completar o seu esquema
  • Mulheres e homens que vivem com HIV, transplantados de órgãos sólidos, de medula óssea ou pacientes oncológicos na faixa etária de nove a 45 anos, com esquema de três doses (0, dois, seis meses) , independentemente da idade
  • A vacina não previne infecções por todos os tipos de HPV, mas é dirigida para os tipos mais frequentes: seis, 11, 16 e 18

Fonte: Gaúcha ZH

Foto: gamjai / stock.adobe.com

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