Como um padre gaúcho fez a primeira transmissão de rádio no mundo
Em 16 de julho de 1899, Landell de Moura propagou o som sem fio em São Paulo
Mesmo depois de 25 anos trabalhando no microfone, ainda fico encantado com a magia do rádio. A voz e a música do estúdio viajam em velocidade impressionante para chegar aos mais distantes rincões. Na enchente de maio de 2024, o velho e bom rádio foi a única comunicação em muitas comunidades isoladas. O cientista que inventou esta incrível tecnologia foi o padre gaúcho Roberto Landell de Moura.
O "pai do rádio" fez a primeira transmissão pública há 125 anos. Em 16 de julho de 1899, o padre cientista reuniu convidados em uma sala do colégio das irmãs de São José, ao lado da Capela de Santa Cruz, no bairro de Santana, em São Paulo. O privilegiado grupo era formado por jornalistas, empresários e cientistas.
Pesquisando a vida e a obra de Landell de Moura há mais de 40 anos, o jornalista Hamilton Almeida lembra que a tecnologia era apresentada como "telefonia sem fio". O nome "rádio" só apareceu anos depois. Quais as primeiras palavras na transmissão?
— O padre disse "toque o hino nacional". Provavelmente, em um gramofone à manivela, rodou um disco com o hino brasileiro — revela Almeida.
O aparelho receptor recebeu o áudio a aproximadamente quatro quilômetros de distância, na Ponte das Bandeiras (Ponte Grande, na época), sobre o Rio Tietê. Em 3 de junho de 1900, o padre voltou a fazer transmissão de voz, com recepção na Avenida Paulista, a oito quilômetros do colégio.
O gaúcho conseguiu a patente do aparelho para transmissão de som sem fio no Brasil, em 1901. Após conseguir três patentes nos Estados Unidos, voltou a São Paulo em 1904. Sem recursos e apoio, a invenção caiu no esquecimento. Landell de Moura não recebe o devido reconhecimento.
O italiano Guglielmo Marconi ficou com o crédito internacionalmente, mas sua invenção de 1895, o telégrafo sem fio, transmitia sinais em código Morse, e não a voz humana.
— Por tudo que fez, tudo documentado, Landell de Moura deveria ser reconhecido internacionalmente — lamenta Almeida.
Nascido em Porto Alegre, em 1861, Landell de Moura morava com a família ao lado do Mercado Público. Aos 16 anos, já fazia fórmulas químicas e construiu um telefone. Em Roma, para onde viajou em 1878, cursou o seminário no Colégio Pio Americano e, na Universidade Gregoriana, estudou física e química.
Ele atuou como padre em Porto Alegre em dois momentos. Primeiro, no retorno da Itália, em 1887. Em 1908, voltou de São Paulo para ficar na capital gaúcha. Não abandonou a ciência. Pelos manuscritos, em 1913, chegou à fase pré-experimental da projeção de imagem à distância. Novamente, faltou apoio. Se os testes dessem certo, a televisão poderia nascer em Porto Alegre. O padre cientista morreu em 1928.
O jornalista Hamilton Almeida já escreveu cinco livros sobre o cientista gaúcho, sendo um em alemão. Ele prepara a segunda edição de Padre Landell: o brasileiro que inventou o wireless.
A Associação Brasileira de Pesquisadores de História da Mídia (Alcar) divulgou uma carta referendando "os 125 anos da primeira transmissão de voz sem fio do mundo, realizada pelo padre Roberto Landell de Moura em 16 de julho de 1899, na cidade de São Paulo".
Fonte: GZH
Foto: Edison Hüttner / Divulgação
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