Rodovias estaduais contabilizam número maior de mortes no trânsito do que em 2023
Os pontos mais críticos para acidentes são os retornos entre Caxias e Farroupilha e de Caxias a Flores da Cunha. Nas vias federais da região, o pior trecho é o da BR-116, em Vacaria
O número de mortes na região de Caxias do Sul, em rodovias estaduais, acende um alerta. Somente entre os dias 8 de julho e a data de publicação desta reportagem, neste domingo (11), sete mortes foram registradas nas rodovias RS-122 e RS-453, referente a apenas a área de jurisdição do pelotão de Farroupilha do Comando Rodoviário da Brigada Militar (CRBM). Já de janeiro a agosto deste ano, apenas nessas duas rodovias, foram registradas 30 mortes, número superior a todo 2023, com 27 vítimas. Em 2022 foram 23 registros.
Os óbitos contabilizados são a somatória dos ocorridos no local do acidente e daqueles removidos ao hospital, mas em que as vítimas morreram no mesmo dia. A causa do aumento das ocorrências nas rodovias estaduais desta área de abrangência, segundo o tenente Marcelo Stassak, comandante do pelotão, é o excesso de velocidade e a desatenção dos condutores em retornos e travessias das pistas.
Mortes contabilizadas apenas em julho e agosto:
Também nesse período morreu Genir Paulo dos Santos, 64 anos, mas, segundo o CRBM de Farroupilha, o laudo apontou que a vítima teve um mal súbito antes do acidente, e a causa da morte foi registrada oficialmente como infarto.
Maiores causas em rodovias estaduais
O pelotão de Farroupilha abrange a RS-122, no trecho entre São Vendelino e Vacaria, onde está o entroncamento com a BR-116. São 130 quilômetros de área. E na RS-453, do entroncamento com a RS-448, em Nova Roma do Sul, até São Francisco de Paula, passando por Caxias do Sul, onde as rodovias se sobrepõem. As cidades que registraram mortes neste ano, ainda na área de responsabilidade pelo pelotão de Farroupilha, foram Caxias do Sul, Farroupilha, Flores da Cunha e Antônio Prado.
O comandante do pelotão, tenente Marcelo Stassak, explica que os acidentes estão bem divididos entre essas quatro cidades, por isso não é possível considerar apenas um ponto mais crítico onde ocorrem as fatalidades. Stassak também cita como motivos dos acidentes questões como desatenção de motorista ou pedestre, problemas mecânicos e uso de álcool.
— Nosso trânsito da Serra é um misto de veículos leves e pesados. Em pontos onde há abundância de cruzamentos de rodovia, como entre Caxias do Sul e Farroupilha, ou entre Caxias e Flores, acontecem as colisões e atropelamentos por desatenção das regras da pista nos retornos e exagero de velocidade — explica Stassak.
Segundo a análise das autoridades, o perfil mais comum de acidentes fatais ou com lesões na região é de colisões, e acontecem com maior frequência às sextas-feiras. Stassak diz que as melhorias nas condições das estradas podem fazer com que alguns motoristas acelerem mais. Já o dia da semana pode estar relacionado à questão mental.
— O psicológico das pessoas nas sextas-feiras se altera, a pessoa está encerrando a semana. O acumulo de trabalho. A pressa em sair. Tudo isso acumula e a pessoa acaba ficando desatenta ao trânsito — comenta o tenente.
Com o intuito de frear o crescimento do número de acidentes com mortes em Caxias, o comandante salienta que há operações constantes realizadas e o CRBM lança seguidamente campanhas de orientações nas redes sociais.
Rodovias Federais
Já em rodovias federais que cortam a região, especificamente as atendidas pela Polícia Rodoviária Federal de Caxias do Sul, no período dos oito primeiros meses de 2023 ocorreram nove mortes, exatamente o mesmo número até agosto de 2024, com dados registrados até 5 de agosto. A BR-116 em Vacaria, que compreende a área da delegacia da PRF de Caxias, é considerada pela polícia o trecho mais crítico para acidentes.
A PRF contabiliza apenas mortes registradas no local do acidente, não soma as vítimas levadas para o atendimento médico e que vieram a óbito depois, seja no trajeto ou seja durante o atendimento no hospital.
A unidade operacional de Vacaria atende a BR-285, desde o km 0, em São José dos Ausentes, até o km 171 em Muitos Capões. Já a unidade de Caxias abrange a BR-116, na divisa de Vacaria com Lages (SC) até o km 219, em Morro Reuter. A BR-285 passa por São José dos Ausentes, Bom Jesus, Vacaria, Monte Alegre dos Campos e Muitos Capões. Já a 116 tem Campestre da Serra, São Marcos, Caxias do Sul, Nova Petrópolis, Picada Café e Morro Reuter.
O ponto mais crítico para acidentes é na BR-116 em Vacaria, entre os km 0 ao 57, trecho entre a divisa com Santa Catarina até a bifurcação com a RS-122. Conforme o chefe da delegacia da PRF em Caxias, Jonatas Josué Nery, esse trajeto tem um misto de serra com elevações verticais, as ondulações na pista. Na serra os veículos reduzem a velocidade, mas, ao chegarem nas partes mais planas, os motoristas tendem a acelerar para tentar recuperar o tempo perdido.
— Na serra o motorista de caminhão pesado utiliza muito os freios. Mas o mau uso pode gerar mais adiante uma falha nos equipamentos do veículo, por isso é bem comum no trecho de Vacaria ter saída de pistas. No mesmo trecho percebemos que as ondulações na pista dão uma sensação falsa de visibilidade, depois, durante a ultrapassagem, o motorista se depara com um veículo de frente e ocorre a colisão frontal. Essas são as duas principais causas dos acidentes com óbitos — explica Nery.
O chefe da PRF detalha que, na comparação dos oito primeiros meses de 2023 com igual período de 2024, houve 23,7% de aumento, neste ano, dos acidentes com lesões — de 211 registros no período ano passado subiu para 261 até a publicação desta reportagem. Com lesões de leves a graves.
Do total de acidentes deste ano, houve 54 considerados graves, que provocaram lesões graves até óbitos. Foi um caso grave a mais do que no mesmo período do ano passado. Segundo Nery, os acidentes aumentaram após a pandemia. Ele trabalha na PRF de Caxias desde 2005 e, por experiência na atividade, diz perceber ao longo dos anos a oscilação nos casos no trânsito na região:
— Há 20 anos tínhamos seguramente entre 50% e 70% a menos de fluxo de veículos, mas continuamos com a mesma infraestrutura nas rodovias. A malha viária não teve implemento, principalmente depois de 2013, quando acabaram as concessões das rodovias federais e não foram mais renovadas. A estrutura de hoje é idêntica a de 20 anos atrás.
Nery comenta que o recurso implementado em obras nas rodovias é restrito, portanto as unidades de Caxias e Vacaria trabalham com fiscalizações e equipamentos tecnológicos para coibir os acidentes nas estradas atendidas.
Apenas no maior município Serra, do km 130 ao 174 da BR 116, na área de abrangência da unidade de Caxias, quatro óbitos foram registrados em 2023 e três neste ano. O km 130 fica localizado próximo da grutinha entre Caxias e São Marcos, já o km 174 é entre Caxias e Nova Petrópolis nas proximidades da ponte do Rio Caí.
Rodovias federais no RS
A Confederação Nacional dos Transportes divulgou, em 20 de fevereiro de 2024, um painel que mostra dados das rodovias federais no Rio Grande do Sul, referentes a 2023. Confira:
Acidentes
::: 2023: 4.933 ocorrências
::: 2022: 4.929
Acidentes com vítimas — mortas ou feridas
::: 2023: 3.824
::: 2022: 3.780
Acidentes especificamente com mortes
::: 2023: 296 (sendo 194 delas por colisão)
::: 2022: 334
Outros dados
::: O RS ficou como o sexto Estado brasileiro com mais mortes em 2023 — Minas Gerais lidera
::: A BR-116 é a que mais matou
::: Transitar na contramão foi a principal causa dos acidentes
::: Domingo é o dia que mais registrou mortes
::: Pessoas com mais de 45 anos são as vítimas que mais morreram no Estado em 2023
Fonte: Pioneiro / Gaúcha ZH
Foto: Neimar De Cesero / Agencia RBS
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