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Orgânico, reciclável ou rejeito? Saiba as diferenças e como descartar o lixo de forma correta

  • Data: 28/Ago/2024

Falta de cuidado na separação atrapalha ou impede que os resíduos tenham o destino apropriado, o que causa danos ambientais e financeiros

O descarte correto do lixo doméstico exige conhecimento e adoção de uma rotina de cuidados. Não basta ensacar os resíduos e terceirizar a responsabilidade aos serviços de recolhimento. A falta de prudência na separação atrapalha ou impede a destinação apropriada, o que causa danos ambientais e financeiros.

Brasil recicla, por ano, apenas 4% dos resíduos, segundo a Associação Brasileira de Resíduos e Meio Ambiente (Abrema). O número é distante da média global (19%), conforme a Associação Internacional de Resíduos Sólidos (ISWA, na sigla em inglês).

Os recicláveis são aqueles que podem retornar à indústria e dar origem a outros produtos. Garrafas PET, latas de refrigerantes e embalagens plásticas são exemplos desses itens. O comum (que inclui orgânico e rejeitos) reúne materiais que não costumam ser reaproveitados: sobras de comida e lixo do banheiro.

— Se não há separação, você perde a possibilidade de ter qualquer tipo de destinação adequada para a reciclagem ou para outros processos sustentáveis — comenta Flávia Paesi Avila, engenheira ambiental da área de Sustentabilidade da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS).

Segundo Flávia, as cooperativas de reciclagem não fazem a limpeza dos resíduos misturados. Se há contaminação – resto de comida que suja um papelão, por exemplo –, o destino será o aterro sanitário. 

O indicado é ter ao menos duas lixeiras em casa, uma para os materiais recicláveis e outra exclusiva para o lixo comum.

— Se há dúvida, coloque no reciclável. Se estiver errado, a cooperativa verá e destinará certo. É melhor você “errar” com o que pode ser reaproveitado do que mandar um reciclável para o aterro sanitário — acrescenta.

Reduzir a produção de lixo é possível

Lucas Fontes, da Green Thinking, uma plataforma de educação ambiental, sugere uma forma de reduzir a produção de lixo orgânico: ter uma composteira em casa. No recipiente devem ser depositadas sobras da alimentação – frutas, verduras e casca de ovo.

— A fração úmida representa metade do que é gerado de rejeitos no país. Ela tem uma alta taxa de compostabilidade e pode ser feita em todos os tipos de residência. A compostagem imita os processos naturais: decompõe a matéria, que se torna um adubo — explica Fontes.

Os especialistas alertam para o cuidado com a limpeza de embalagens: o ideal é não usar água da torneira para retirar os excessos. Se for necessário, deve ser prática utilizar a menor quantidade possível do líquido.

Materiais demandam descarte especial

Jefferson Botega / Agencia RBS

"Bombona" no Carrefour do Partenon, em Porto Alegre, recebe óleo de cozinha usado.Jefferson Botega / Agencia RBS

Alguns produtos não podem ser descartados no lixo comum ou reciclável e precisam ser devolvidos aos fabricantes, no que é chamado de logística reversa. Lâmpadas fluorescentes, pilhas e medicamentos estão entre eles.

O óleo de cozinha também deve ter destinação especial e não pode ser descartado na pia. Segundo a Corsan, um litro da substância é capaz de contaminar 25 mil litros de água.

Após usado, o produto pode ser aproveitado na produção de sabão, tintas, vernizes e biodiesel. Por isso, deve-se buscar locais para o descarte correto. Óleo Sustentável, da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), é uma das iniciativas que faz esse trabalho.

— Basta despejar o óleo usado já frio em um recipiente, fechar a garrafa plástica para evitar derramamentos e armazenar. Quando estiver cheia, é só colocá-la no display (bombona) disponível em pontos de entrega voluntária — pontua Aline Lazzarotto, coordenadora de Sustentabilidade da iniciativa.

O Óleo Sustentável tem mais de 3 mil pontos no Brasil; dois deles em Porto Alegre, nas lojas do Carrefour no Passo D’Areia e no Partenon.

Incentivo à reutilização

Be8 mantém o programa Ser Sustentável para transformar em biodiesel o óleo de cozinha usado. A empresa tem parcerias com três cooperativas de Passo Fundo responsáveis pela coleta, filtragem e transporte do produto. Em 2023, foram coletadas 40 mil toneladas de óleo. O programa conta com pontos de coleta em Passo Fundo.

— A ação não apenas contribui para a preservação ambiental, mas também gera renda para as cooperativas envolvidas, já que todo o valor arrecadado com a compra do óleo de cozinha usado retorna para os cooperados, fortalecendo a economia local — diz Eliane Medeiros, diretora de Pessoas e Sustentabilidade da Be8.

O projeto Olho no Óleo, da Corsan, aproveita o óleo para criar produtos que são utilizados nas atividades domésticas. Até outubro, a iniciativa passará por 22 municípios de 10 regiões.

— Reafirmamos nosso cuidado com o meio ambiente, além de contribuir para a redução das diferenças sociais, estimulando a economia circular e nova fonte de renda com as oficinas que transformam o óleo de cozinha usado em sabão ecológico e detergente — afirma Samanta Takimi, presidente da Corsan.

O projeto ocorre desde o ano passado e arrecadou mais de 300 litros de óleo de cozinha e realizou 50 oficinas. O cronograma da iniciativa pode ser acessado no site da Corsan.

Se não há separação, você perde a possibilidade de ter qualquer tipo de destinação adequada para a reciclagem ou para outros processos sustentáveis.

FLÁVIA PAESI AVILA

Engenheira ambiental da área de Sustentabilidade da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS)

Como é a coleta seletiva em Porto Alegre

Segundo o Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU), são recolhidas cerca de 1,1 mil toneladas de resíduos por dia em Porto Alegre. Os recicláveis representam 53,1 toneladas; o restante é composto por resíduos orgânicos e rejeito da coleta domiciliar.

A coleta é feita em todas as ruas de Porto Alegre, segundo a prefeitura. Há o recolhimento separado do lixo comum (orgânico e rejeitos) e o reciclável (coleta seletiva) em dias diferentes, de duas a três vezes por semana. 

Horários e dias do serviço dependem da localização do imóvel e podem ser acessados aqui; para informações da coleta, veja este link

Também há coleta automatizada de resíduos, presente em 19 bairros. Para saber horários e quais os locais cobertos, acesse neste endereço. O descarte inadequado de resíduos pode gerar multas.

Outras opções de descarte na Capital

A Capital tem sete Unidades de Destino Certo (UDCs), chamadas de Ecopontos, que recebem resíduos que não podem ser descartados para recolhimento pelas coletas regulares. Madeira, móveis, colchões, terra, entulho, cerâmica, sucata de ferro e eletrodomésticos estão entre os descartes recebidos.

Os Ecopontos têm ainda um Posto de Entrega de Óleo de Fritura (PEOF), um Posto de Entrega Voluntária (PEV) para materiais destinados à coleta seletiva e um Posto de Entrega de Resíduos Eletrônicos (Pere). Veja o endereço deles.

Há 16 Pontos de Entrega Voluntária de Recicláveis (PEVs), para quem não quiser ou não puder esperar a coleta seletiva. Veja neste link o endereço deles. A prefeitura indica que existem também 64 locais aptos a receber o óleo de cozinha (veja detalhes neste endereço). Há também os locais adequados para o descarte de lâmpadas.

Fonte: Gaúcha ZH

Foto: Reprodução

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