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Condutores relatam que é preciso horas de espera para a travessia de balsa na RS-431

  • Data: 26/Set/2024

Atual estrutura sobre o Rio Taquari está em operação há dois meses, contudo, a capacidade de transporte é menor em comparação com a balsa que operou até o mês de maio. Serviço de travessia registrou aumento desde o início do ano, convergindo em longas filas e até três horas de aguardo pela vez 

Longas filas, horas de espera, perspectiva incerta de quando será possível chegar ao destino. Há um ano, a rotina de quem transita pela RS-431, entre Santa Tereza e São Valentim do Sul, se tornou mais burocrática. Desde que a ponte que interligava as cidades foi destruída pela cheia do Rio Taquari, em setembro de 2023, o trânsito no local depende do serviço da balsa.

Contratado pelo governo do Estado e em atuação desde fevereiro, o modelo naval de travessia divide opiniões e mudou a rotina daqueles usam o acesso para chegar ao Vale do Taquari ou à região de Guaporé.

A reportagem esteve no local na última quinta-feira (19) e conferiu a situação do serviço. Apesar da travessia levar cerca de 10 minutos, o grande fluxo de carros e caminhões faz com que a espera para o embarque varie de 30 minutos até três horas, dependendo do horário e do movimento

A equipe do Pioneiro chegou em Santa Tereza às 9h30min e conseguiu realizar a travessia para São Valentim do Sul às 10h30min, totalizando uma hora de espera. No retorno, a reportagem chegou no porto de São Valentim do Sul às 13h50min e ingressou em Santa Tereza às 14h20min, com 30 minutos de espera. 

No entanto, os relatos de quem passa diariamente pelo local indicam espera de até três horas. É o caso do vendedor Uelington Strada, que calcula já ter ficado esse período aguardando para fazer a travessia.

— Passo aqui todas as semanas. A gente percebe que o fluxo maior é sempre na segunda e nas semanas de pagamento. Faz sentido porque essa balsa é menor que a outra, então transporta menos carros. O ideal seria ter a ponte, mas, enquanto ela não fica pronta, nos resta a balsa – comenta.

A médica veterinária Eduarda de Morais, que utiliza a balsa semanalmente, relata espera média de uma hora. Conforme ela, após às 17h o fluxo se torna tão intenso que é preferível tomar outro caminho.

— No final da tarde a espera fica em duas horas, no mínimo. É complicado, principalmente para quem precisa chegar em lugares mais distantes, como no meu caso. Acho essa balsa mais rápida do que a antiga. Antes tinha que esperar encher para fazer a travessia. Mas o melhor ainda seria a ponte — aponta.

À reportagem, a Lacel, empresa responsável pelo serviço, justificou que, apesar da capacidade menor, a estrutura atual é mais ágil, em comparação com a balsa utilizada anteriormente. Ainda, a companhia argumentou que os condutores podem julgar demorada a espera por não serem acostumados com o serviço.

Aumento nos atendimentos, capacidade de transporte menor

Bruno Todeschini / Agencia RBS

Atual balsa tem 24 metros de comprimento e nove metros de largura, conseguindo transportar até 15 veículos por viagem. A capacidade é a metade da antiga balsa, levada pelo Rio Taquari em maio.Bruno Todeschini / Agencia RBS

Dados do Departamento de Hidrovias, Autorizações e Outorgas, da Secretaria de Logística e Transportes do Estado, indicam crescimento na demanda pelo serviço. Em fevereiro, o total de travessias realizadas foi de 13.928. Nessa época, a estrutura que operava tinha 35 metros de extensão e 13 metros de largura e transportava 32 veículos por viagem.

Já em agosto, a quantidade de transportes subiu para 15.458. A estrutura atualmente operante tem 24 metros de extensão e nove metros de largura, com capacidade de transporte de até 15 veículos.

A balsa de menor porte foi adotada como medida paliativa em agosto, após a estrutura maior ter sido levada pela cheia do Rio Taquari, em maio, e encontrada em Estrela. Contudo, a Lacel planeja reaver a estrutura maior e colocá-la em operação novamente.

A empresa deverá recuperar a balsa de maior porte no dia 13 de outubro. Na data, está prevista uma ação do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) para baixar o nível do Rio Taquari.

Na semana passada, o Dnit divulgou um ofício anunciando que iria atender a demanda do empresariado local do Vale do Taquari, para abrir a barragem de Bom Retiro do Sul. 

Consequentemente, o nível do Rio Taquari deverá reduzir de 13 para 11 metros, possibilitando a retirada das estruturas. A ação acontecerá entre 10 e 11 de outubro, com manutenção do baixo nível até o dia 13 de outubro.

Conforme a Lacel, a balsa passará por uma avaliação dos engenheiros da companhia e depois será restaurada. A ideia é recolocar a estrutura de maior porte no serviço de travessia, ampliando a capacidade de veículos atendidos.

Região está há um ano sem ponte  

Bruno Todeschini / Agencia RBS

Antiga estrutura foi levada na enchente de setembro de 2023. Desde então, governo do Estado realizou licitação para a obra, contudo, a data de início ainda não foi divulgada.Bruno Todeschini / Agencia RBS

Há exatamente um ano sem a ponte que interligava Santa Tereza a São Valentim do Sul, na RS-431, ainda não há um cronograma preciso de quando a obra de reconstrução irá começar.

Em julho, o governo do Estado, responsável pela obra, anunciou que uma empresa mineira foi vencedora da licitação para reconstruir a ponte. A nova estrutura terá 320 metros de extensão, cerca de 50 metros maior que a antiga.

A obra terá custo de R$ 31,3 milhões. O montante será custeado pelo governo federal, que irá destinar R$ 24,5 milhões, e pelo governo do Estado, que terá contrapartida de R$ 6,9 milhões. Contudo, a verba do governo federal ainda não foi liberada pelo Ministério da Integração.

Segundo o prefeito de São Valentim do Sul, Geri Angelo Macagnan, o início das obras deve ocorrer em outubro, tendo duração de um ano. Questionado, o Departamento Autônomo de Estradas e Rodagem (Daer) não confirmou a estimativa. 

A administração da cidade também anseia pela entrega do projeto. Isso porque a prefeitura tem feito manutenções semanais no porto onde a balsa atraca.

— A cada dois, três dias enviamos maquinário para o porto para manter o local trafegável. Tem momentos em que o nível do rio sobe, causando danos. Sabemos que ali a rodovia é do governo estadual, mas as situações climáticas que surgiram entre este ano e ano passado mostraram que o município precisa ser parceiro.

Fonte: Gaúcha ZH

Foto: Bruno Todeschini / Agencia RBS

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