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Níveis elevados de colesterol LDL aumentam o risco de problemas cardiovasculares

  • Data: 02/Out/2024

Texto elaborado pelos médicos Letícia Schwerz Weinert, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia Regional RS (Sbem-RS), Marcello Casaccia Bertoluci, diretor do Departamento de Dislipidemia e Aterosclerose da Sbem, e Mateus Dornelles Severo, presidente Sbem-RS

A associação entre níveis de colesterol “ruim” (LDL) elevados no sangue e problemas graves de saúde é indiscutível e amplamente estudada. A literatura científica é composta por diferentes tipos de estudo e sua interpretação pode gerar confusão em alguns casos. Este texto explica os efeitos dos níveis de LDL alto e também baixo no nosso organismo. 

Existem muitos estudos comprovando a forte associação de níveis elevados de colesterol LDL com doenças cardiovasculares (infarto agudo do miocárdio, acidente vascular encefálico ou AVC, doença arterial periférica e até mesmo morte). As placas de aterosclerose que obstruem as artérias se formam ao longo de toda a vida em resposta à exposição contínua a altos níveis de colesterol, entre outros fatores. 

Em vista disso, o tratamento para redução dos níveis de LDL se tornou uma das grandes ferramentas da Medicina para aumentar a longevidade da população. Boa alimentação, atividades físicas e medicações com benefício comprovado em diversas pesquisas, como as estatinas, são fundamentais e, principalmente, seguras. Reduzir o LDL a níveis muito baixos não traz prejuízos para a produção hormonal, paredes das células ou para nossa capacidade cognitiva. Não há motivos para ter medo!

 

Uma outra situação bastante diferente da descrita acima são pessoas que não estão fazendo tratamento e possuem o colesterol LDL baixo, o que pode ser causado por alguns problemas de saúde. Em outras palavras, existem doenças que podem levar à queda dos níveis de LDL, mas o colesterol baixo em si não é a causa dessas condições.

Podemos citar como exemplos a abetalipoproteinemia, doença genética que se manifesta desde a infância; alguns tipos de câncer, como os de intestino e próstata; leucemias e outras doenças hematológicas; doenças que comprometem a absorção intestinal de nutrientes, como a doença celíaca, a síndrome do intestino curto, a pancreatite crônica, infecções por parasitas como a giárdia; anemias, como a talassemia e a anemia perniciosa; além de infecções crônicas, como a tuberculose. 

Não é possível comparar pessoas que têm o colesterol baixo pelas doenças acima listadas com pessoas que estão com o colesterol reduzido por uma intervenção terapêutica para prevenir doenças cardiovasculares.

A afirmação de que níveis baixos de colesterol causam mortes está incorreta. Não é o colesterol baixo que aumenta a mortalidade. São doenças possivelmente fatais que baixam o colesterol.

Assim, é fundamental esclarecer que, em situações nas quais o colesterol LDL está abaixo de 50 mg/dL e o paciente não está em tratamento para redução do risco de problemas cardiovasculares, deve-se investigar possíveis doenças que estejam passando despercebidas. Nesses casos, o foco do tratamento deve estar na doença de base, e não em aumentar os níveis de colesterol.

Lembre-se: parar o tratamento correto para o LDL elevado sem orientação médica pode ser fatal. Em 2016, um estudo com quase 700 mil participantes avaliou as consequências da suspensão indevida do tratamento com estatinas para redução do LDL em pessoas com alto risco cardiovascular. Aqueles que suspenderam a medicação por crenças equivocadas tiveram 26% mais infartos agudos do miocárdio e 18% mais mortes por doença cardiovascular em comparação às pessoas que mantiveram seu tratamento adequadamente.

Em resumo, o colesterol elevado, quando não tratado, é um fator de risco significativo para doenças cardiovasculares e morte.  Suspender o uso de estatinas ou outros medicamentos pode colocar sua vida em risco. 

Nossa recomendação é: busque orientação qualificada com profissionais capacitados e atualizados e nunca interrompa seu tratamento por conta própria. Esta é a melhor forma de garantir que sua saúde está sendo bem cuidada.

Referências: 

Nielsen SF, et al. Eur Heart J. 2016.

Durrington P. Dyslipidaemia. Lancet 2003.

Fonte: Gaúcha ZH

Foto: REDPIXEL / stock.adobe.com

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