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Escultura de aço traz um barco salvando pessoas e animais. A iniciativa é da Federasul e da Associação Comercial de Porto Alegre. Obra foi produzida pelo artista plástico Ricardo Cardoso e deve ser colocada na praça Revolução Farroupilha, entre o muro da Mauá e o Mercado Público, no Centro Histórico

Será instalada em Porto Alegre uma obra de arte de seis metros, em homenagem aos heróis voluntários anônimos que atuaram na enchente de maio. O anúncio foi feito durante o evento Tá na Mesa pelo presidente da Federação de Entidades Empresariais do Rio Grande do Sul (Federasul), Rodrigo Costa, que destacou a necessidade de agradecer e homenagear. O protótipo da obra, cujo nome é Fraternidade, foi revelado na ocasião.

A escultura de aço tem seis metros de comprimento, dois metros de largura e quatro metros de altura e traz um barco salvando pessoas e animais. A iniciativa é da Federasul e da Associação Comercial de Porto Alegre (ACPA). A obra de arte foi produzida pelo artista plástico Ricardo Cardoso e deve ser colocada em um local simbólico: na praça Revolução Farroupilha, entre o muro da Mauá – que integra o sistema de contenção de cheias da Capital – e o Mercado Público, no Centro Histórico. Ainda é necessária a aprovação do poder municipal. A escultura terá um prazo de execução estimado em 60 dias.

A forma escolhida para a homenagem foi a arte, com o objetivo de gravar na memória algo que não pode ser esquecido: a maior tragédia climática do Estado. A obra traz brasileiros segurando o barco, representando as pessoas suportando as ações daqueles que arriscaram a vida para salvar os outros. O barco será suspenso a 1,7 metros do chão, simbolizando o nível que a água atingiu no local e os barcos que navegaram nas ruas de uma Porto Alegre inundada para realizar salvamentos.

— A tragédia climática foi um momento dramático com a perda de vidas, de muita dor, de perda de memórias, de lares. Muitas famílias ainda hoje estão enlutadas. Mas também foi um momento em que vimos emergir virtudes acima das nossas diferenças, no Brasil inteiro. Vimos milhões de brasileiros estenderem as mãos para nós gaúchos como irmãos que somos, como brasileiros que somos. Foi um momento em que homens e mulheres se lançaram na água em barcos e foram até a margem para salvar a vida de desconhecidos, arriscando a própria vida, em um país que se dizia polarizado — ressaltou o presidente da federação.

Presidente da Federasul, Ricardo Cardoso, o curador Cezar Prestes, José Paulo Martins da ACPA, e o artista plástico Rodrigo Sousa Costa, revelaram o protótipo nesta quarta-feira (9), durante o evento Tá na Mesa.Sérgio Gonzalez / Divulgação

O objetivo da iniciativa é agradecer a milhões de brasileiros e homenagear os heróis voluntários anônimos – pessoas que subiram em embarcações, empresários que colocaram helicópteros à disposição para entregar alimentos e salvar vidas, e pessoas que emprestaram e subiram em motos aquáticas nos resgates.

— Essas pessoas marcaram um momento que foi de dor, mas também foi extremamente inspirador, de desprendimento, generosidade, fraternidade, em uma rede de solidariedade nunca antes vista — complementou.

Para o artista plástico Ricardo Cardoso, o que ocorreu no Estado despertou nas pessoas um desejo de ajudar os outros, sem que fossem considerados outros critérios senão a vida.

— Pessoas saíram da segurança das suas casas e se lançaram a ajudar quem quer que seja, independentemente de bandeira, de ser pobre, rico. E esse sentimento pode-se dizer que é um sentimento de amor mesmo, puro ou verdadeiro amor. É o que me moveu para desenhar essa obra. Se tem uma referência, seria aquele cara que passou aqui há 2024 anos, que falou amai-vos uns aos outros.

Cardoso ressalta que se sente honrado e privilegiado em realizar a obra e trabalhar com essa emoção. O artista considera a iniciativa de grande importância justamente por lidar com esses valores, que considera os “mais elevados do ser humano”.

A obra também será acompanhada de uma placa que reforça o intuito da homenagem, com o texto:

"Homenagem aos milhões de brasileiros voluntários anônimos, que estenderam suas mãos aos gaúchos em um momento tão difícil, numa enorme rede de solidariedade.

Retrata nas embarcações de resgate navegando na cota máxima, pelas ruas de uma Porto Alegre inundada, as virtudes de homens e mulheres que se arriscaram pelas vidas de desconhecidos. Os sentimentos mais nobres que o emergiram em Estados de todo Brasil, trazendo sustentação para as ações no RS.

Expressa a superação pela união de brasileiros e revela o elo inquebrantável que nos une enquanto nação: o senso comum de responsabilidade com aqueles com quem nos importamos.

À memória de nossa terra no seu momento de dor, superação e inspiração, em maio de 2024, para que possamos aprender com o que aconteceu, agradecer e evoluir.

Nosso muito obrigado a todos os brasileiros que nos estenderam as mãos!".

Fonte: Gaúcha ZH

Foto: Sérgio Gonzalez / Divulgação