Câncer de próstata: o que é, como identificar, tratamento, mitos e verdades sobre a doença
Exames preventivos contribuem para um diagnóstico precoce, que aumenta as chances de sucesso dos tratamentos
O câncer de próstata é o segundo tipo de tumor mais frequente entre os homens no Brasil, depois do câncer de pele não melanoma. Conforme o Instituto Nacional de Câncer (Inca), a estimativa é que cerca de 72 mil novos casos sejam registrados anualmente no país. Desse total, três mil são previstos para o Rio Grande do Sul, reforçando a importância da conscientização sobre a doença.
Apesar da incidência, o tema ainda é cercado de preconceitos que podem atrasar o diagnóstico e reduzir as chances de cura. Segundo o chefe do Serviço de Urologia do Hospital Moinhos de Vento (HMV), Eduardo Carvalhal, cerca de 6% a 10% da população masculina vai ter, ao longo da vida, o diagnóstico de câncer de próstata.
— Ele pode ser identificado como uma doença de baixa agressividade, que permanece sem evoluir por anos, com comportamento indolente ou se manifestar desde o início com maior agressividade, levando ao óbito, o que chamamos de fenótipo letal — acrescenta o especialista.
Para ele, um dos grandes desafios da urologia não é apenas fazer o diagnóstico do câncer, mas sim detectar quais pacientes precisam ser tratados de maneira mais agressiva ou com estratégias mais conservadoras. Isso é chamado de estratificação de risco do câncer de próstata, que divide o risco a partir dos dados de biópsia, do nível do PSA e de outros parâmetros clínicos.
O que é o câncer de próstata?
A próstata é uma glândula do sistema reprodutor masculino localizada abaixo da bexiga e à frente do reto. Sua principal função é produzir parte do líquido seminal. O câncer ocorre quando as células dessa glândula passam a se multiplicar de forma desordenada, formando um tumor.
O crescimento da doença pode variar. Em alguns casos, o tumor se desenvolve lentamente e pode ser tratado de forma simples; em outros, avança rapidamente, podendo invadir outros órgãos e se tornar fatal.
— A partir da identificação do risco, aliada à idade do paciente e às condições clínicas que decidimos, de forma individualizada e personalizada, qual será o tratamento adequado para o paciente — ressalta o urologista.
Quais são os sintomas?
O câncer de próstata geralmente é silencioso na fase inicial e, muitas vezes, só apresenta sintomas quando a doença já está em estágio avançado. Entre os sinais de alerta, estão:
- Dificuldade ou dor ao urinar
- Aumento da frequência urinária, especialmente à noite
- Sensação de que a bexiga não esvaziou completamente
- Presença de sangue na urina ou no sêmen
- Dor na região pélvica ou lombar
Por ser assintomático no início, exames preventivos regulares são essenciais para detectar a doença precocemente.
Prevenção
Por ser silenciosa, é essencial que homens brancos, a partir dos 45 anos, e pretos, a partir dos 40, devido a predisposições genéticas, comecem a realizar o acompanhamento preventivo.
— É recomendado que, a partir dessas idades, o paciente procure o seu urologista, para fazer uma avaliação inicial, discuta os aspectos envolvidos no rastreamento e se decidido, em conjunto, realizar periodicamente o exame de PSA, uma vez ao ano, associado ao exame de toque retal, pelo menos na avaliação inicial — avalia o médico.
O diagnóstico é baseado em dois exames principais:
- PSA (antígeno prostático específico): exame de sangue que mede a presença de uma proteína produzida pela próstata. Níveis elevados podem indicar alterações, incluindo câncer
- Exames de imagem, como a ressonância magnética
- Toque retal: permite ao médico avaliar o tamanho, a forma e a textura da próstata
Se houver suspeita, é realizada uma biópsia para confirmar a presença de células cancerígenas. Em casos confirmados, exames adicionais avaliam se o câncer se espalhou para outras partes do corpo.
Quais são os tratamentos disponíveis?
O tratamento depende do estágio da doença, da idade e das condições de saúde do paciente. As opções incluem:
- Vigilância ativa: indicada para casos de tumores pequenos e de crescimento lento, especialmente em pacientes mais idosos
- Cirurgia: a remoção da próstata (prostatectomia radical) é uma das alternativas mais comuns em casos localizados
- Radioterapia: uso de radiação para destruir células cancerígenas
- Terapia hormonal: bloqueia a produção de hormônios que estimulam o crescimento do tumor
- Quimioterapia: indicada para casos avançados ou metastáticos
Diagnóstico precoce
Quanto mais cedo o câncer de próstata é identificado, maiores são as chances de cura e menor o impacto dos tratamentos. A conscientização sobre os exames preventivos e a quebra de tabus em relação ao toque retal são passos essenciais para reduzir a mortalidade da doença, indica o urologista.
— Felizmente, esse é um tabu que vem sendo quebrado aos poucos na nossa sociedade, graças às campanhas de divulgação como o Novembro Azul e iniciativas da Sociedade Brasileira de Urologia e de instituições médicas — afirma Carvalhal.
Mitos e verdades sobre o câncer de próstata
- Homens mais velhos têm mais chance de desenvolver câncer de próstata?
— É verdade. O principal fator de risco para o câncer de próstata é a idade. Acredita-se, ainda, que a maioria dos homens ao alcançar 80, 90 anos, podem ter pequenos focos de câncer de próstata não agressivos, de baixa agressividade, que ocorre pois os nossos mecanismos de reparação imunológico vão se modificando ao longo do tempo, então quanto mais idoso, maior a chance de desenvolver o tumor.
- Sedentarismo aumenta a chance de desenvolver câncer de próstata?
— É verdade. O sedentarismo, a obesidade, ou uma dieta rica em gordura animal, predispõe o paciente ao aumento da incidência do câncer de próstata. Por isso, medidas preventivas como uma alimentação saudável, atividade física regular e o combate à obesidade e ao sedentarismo, são importantes para reduzir esse risco, além de outras doenças.
- A atividade sexual aumenta o risco de desenvolver câncer de próstata?
— É mito. Existem alguns estudos, inclusive, que sugerem que uma atividade sexual regular pode ser protetora ao surgimento de câncer de próstata. Não há nenhum indício de que isso favoreça o surgimento da doença.
- Paciente que têm histórico familiar têm mais chances de desenvolver a doença?
É verdade. Quem tem histórico familiar tem mais risco que a população normal, duas a três vezes mais risco de desenvolver.
- O exame de toque retal é doloroso?
— Isso é um mito. É um exame extremamente simples, que faz parte da consulta médica e do exame físico completo do paciente. É rápido, sem custo e que em uma consulta, permite que o médico saiba as condições da próstata do indivíduo. Leva menos de 15 segundos e não provoca nenhum tipo de impacto na esfera sexual ou na masculinidade do paciente.
Fonte: Gaúcha ZH
Foto: ink drop / stock.adobe.com
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