Como equilibrar os sentimentos durante as festas de fim de ano
Entenda por que algumas pessoas vivenciam momentos de alegria, enquanto outras enfrentam melancolia no período de festividades
As festas de fim de ano são períodos de celebração para muitas pessoas, marcados por reuniões familiares, troca de presentes e rituais de passagem. Para outras, contudo, essas datas também podem representar momentos de melancolia, solidão e ansiedade.
O período carrega uma carga emocional significativa: o fechamento de um ciclo e a expectativa de renovação para o próximo ano. Esse misto de balanço pessoal, encontros sociais e tradições pode funcionar como um gatilho para sentimentos intensos, configurando o que alguns especialistas chamam de síndrome de final de ano ou "dezembrite".
Cristiano Dal Forno, coordenador do Curso de Psicologia da Escola de Ciências da Saúde e da Vida da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), explica que essas emoções muitas vezes são reflexo de pressões culturais e sociais que nem sempre condizem com a realidade de cada pessoa:
— Essas datas vêm carregadas de expectativas familiares e culturais que nem sempre correspondem à realidade de todos. Além disso, o "gozo obrigatório", como chamamos, cria uma pressão para se sentir feliz, mesmo quando as circunstâncias pessoais não favorecem isso — comenta.
Impacto das redes sociais
As redes sociais também intensificam as emoções desse período. Publicações que exibem festas perfeitas, famílias unidas e viagens luxuosas podem causar frustração e alimentar comparações.
— Quando as pessoas veem a vida idealizada de outras, ignoram que essas imagens nem sempre refletem a realidade. Isso pode gerar a sensação de que apenas elas estão infelizes, aumentando a vulnerabilidade emocional — analisa o especialista.
Limitar o tempo de uso das redes sociais durante as festas pode ajudar a evitar o impacto emocional dessas comparações.
— É essencial lembrar que a felicidade mostrada online às vezes mascara desafios e dificuldades invisíveis. Por isso, use as redes sociais com moderação e olhe para si, lembrando quem realmente é e das virtudes e valores que carrega — complementa.
Como incluir quem está fragilizado
Para aqueles que apreciam essas datas, é possível desempenhar um papel importante no apoio a familiares e amigos que encontram dificuldades. A empatia é a principal ferramenta para tornar o ambiente mais acolhedor, sem impor a obrigação de se encaixar em um padrão de felicidade.
— Uma abordagem empática começa pela escuta. Perguntar como a outra pessoa está, sem julgamentos ou expectativas, pode fazer toda a diferença. Além disso, incluir esses indivíduos em atividades leves, sem a obrigação de participar de tudo, é uma forma de demonstrar apoio – orienta Dal Forno.
Oferecer alternativas simples, como convites para uma caminhada ou um café, por exemplo, pode ser mais efetivo do que insistir na participação em eventos grandes e potencialmente estressantes.
— Se, mesmo assim, a pessoa não quiser participar, não insista. Fique à disposição para prestar apoio, mas respeite o espaço do outro — ressalta.
Tradições familiares
Chegado o dia das festas, as dinâmicas familiares podem ser um terreno fértil para o estresse. O reencontro com parentes, especialmente em situações de conflito ou de cobranças, pode transformar a ceia em um momento tenso.
Estabelecer limites claros é fundamental para manter o bem-estar, segundo Dal Forno:
— Praticar o autocuidado emocional, entendendo o que você pode ou não suportar, ajuda a evitar desgastes. Isso inclui decidir quanto tempo passar nos encontros ou até mesmo escolher não participar, se necessário.
Por outro lado, buscar ressignificar a experiência pode ajudar a trazer leveza. Neste caso, reduzir as expectativas e valorizar pequenos momentos pode ajudar a tornar o período mais significativo e proveitoso.
Ano Novo
Enquanto o Natal é um convite a reflexões, o Ano Novo pode simbolizar novos começos. Ainda assim, a pressão por resoluções e mudanças pode ser desestimulante para algumas pessoas.
— Encare as metas como orientações, não como exigências. Se algo não sair como esperado, não significa fracasso. Cada passo dado é um avanço — acrescenta Dal Forno.
Viver o fim de ano no próprio ritmo, sem tentar atender a todas as expectativas sociais, é um passo importante para o garantir equilíbrio e saúde emocional.
— Crie metas menores, mesmo semestrais, objetivos alcançáveis que tragam qualidade de vida e um sentimento maior de êxito pessoal para o ano que se inicia — finaliza.
Dicas para um fim de ano mais saudável
- Respeite seus sentimentos: busque compreender suas emoções, sejam elas de alegria ou de tristeza. Não se force a seguir o ritmo dos outros
- Planeje atividades prazerosas: substitua compromissos indesejados por momentos que realmente lhe tragam bem-estar
- Cultive conexões sinceras: um simples telefonema ou mensagem para alguém especial pode fazer a diferença
- Evite exageros: excessos de comida, bebida ou compromissos pode aumentar o estresse. Mantenha a moderação para aproveitar cada momento
- Pratique a gratidão: reflita sobre as conquistas do ano, mesmo as pequenas, e foque nos aspectos positivos.
Fonte: Gaúcha ZH
Foto: Jo Panuwat D / stock.adobe.com
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