Saiba quais cuidados os idosos devem ter com a saúde bucal
Pessoas nessa faixa etária ficam mais suscetíveis a problemas como doença de gengiva, cárie na raiz do dente e câncer de boca
Doença de gengiva, cárie na raiz do dente e câncer estão entre os principais problemas bucais que podem aparecer na terceira idade. Por esse motivo, as pessoas com mais de 60 anos precisam ter atenção redobrada à saúde da boca, incluindo na rotina visitas regulares ao dentista. As consultas são consideradas fundamentais para a identificação precoce de problemas, ajuste de próteses e orientação sobre cuidados específicos.
Cassiano Rosing, professor titular de Periodontia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e membro titular da Academia Gaúcha e Brasileira de Odontologia (ACGO), lembra que, antigamente, era comum que a maioria das pessoas chegasse à terceira idade sem dentes próprios. Os cuidados preventivos da odontologia mudaram esse cenário, trazendo novos desafios.
— A pessoa que envelhece com seus dentes está sujeita a ter novos problemas, se os devidos cuidados não forem tomados. Um deles é a doença de gengiva. Além disso, com a terceira idade, há uma série de medicamentos que o idoso toma e diminui a salivação. Isso aumenta o risco de cárie, só que a cárie mais impactante no idoso é a cárie da raiz, que é muito mais difícil de ser tratada — destaca o especialista.
Atenção com a alimentação
De acordo com o professor da UFRGS, a dieta adotada pelos idosos também impacta nesse problema. Isso porque não é apenas o açúcar refinado que causa ou piora a cárie de raiz — bolachas, batatas e pães também podem causar essa lesão, por exemplo.
Pessoas que utilizam implantes ou dentaduras também precisam ter uma atenção maior à saúde bucal. Rosing aponta que, embora não sejam acometidos por cáries, há doenças que se desenvolvem ao redor dos implantes, como na gengiva.
— E, embaixo das dentaduras, especialmente das superiores, às vezes ocorre o desenvolvimento de fungos, de candidíase e de câncer. Por isso, é preciso tirar a dentadura nas consultas para o dentista dar uma olhada por baixo para ver se não tem nenhum tipo de lesão — alerta o periodontista.
Rosing esclarece que o câncer de boca não tem relação com o envelhecimento em si, mas sim com o tempo mais prolongado de exposição a fatores de risco como o tabagismo e o consumo de álcool.
Cuidados necessários
José Cícero Dinato, membro da ACGO e especialista em implantodontia e prótese dentária, ressalta que a saúde bucal vai além da estética, sendo essencial para mastigação, digestão e prevenção de doenças sistêmicas, bem como para o bem-estar, a autoestima e a qualidade de vida dos idosos. Também concorda que cada etapa do envelhecimento traz desafios específicos, mas destaca que, com os cuidados adequados, é possível manter uma boca saudável e funcional.
Entre as recomendações citadas por Dinato, está a atenção ao tempo ideal de escovação: deve durar cerca de dois minutos, com movimentos suaves e circulares. É indicado dividir a boca em quatro quadrantes, dedicando aproximadamente 30 segundos a cada um, sem esquecer de escovar a língua.
— O uso do fio dental deve ser diário e, para aqueles com dificuldades motoras, irrigadores orais (jatos de água) são uma alternativa prática e eficaz, porém não substituem a escovação — enfatiza o especialista, acrescentando que os irrigadores complementam a higiene, removendo resíduos e protegendo as gengivas, sendo indispensáveis para portadores de próteses fixas totais sobre implantes.
Dinato indica também o uso de escovas elétricas com ultra-som, classificando-as como um “excelente recurso” na higiene bucal, especialmente para os idosos que possuem limitações físicas, já que são “eficientes, suaves e alcançam áreas difíceis, sem causar danos às gengivas”.
Também é necessário usar creme dental com flúor e instrumentos para limpar no meio dos dentes, acrescenta Rosing. O professor pontua, contudo, que os idosos normalmente não devem utilizar mais o fio dental, mas sim a escova interdental.
Dinato aponta que os cuidados necessários podem variar de acordo com a faixa etária do idoso (veja abaixo), mas enfatiza que, independentemente da idade, visitas regulares ao dentista são fundamentais para a identificação precoce de problemas, ajuste de próteses e orientação sobre cuidados específicos:
- 60 a 75 anos: muitos idosos nessa fase ainda possuem boa dentição natural ou implantes. O foco deve estar na prevenção de cáries, doenças periodontais e na manutenção de próteses ou implantes
- 75 a 85 anos: problemas como xerostomia (sensação de boca seca), próteses mal ajustadas ou condições sistêmicas tornam-se mais comuns. Uma atenção especial à higiene e revisões periódicas são essenciais
- 85 anos ou mais: pode haver dificuldades motoras ou cognitivas, exigindo assistência de cuidadores para garantir uma higiene adequada. O cuidado deve priorizar conforto e prevenção de infecções. Portanto, é importante orientar os cuidadores nessa tarefa
Fonte: Gaúcha ZH
Foto: Adam Radosavljevic / stock.adobe.com
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