Segundo o Censo 2022, RS tem a terceira maior taxa do país de crianças em creches
Apesar do destaque de matrículas de zero a três anos, Estado tem o décimo pior índice do Brasil na faixa etária dos quatro aos cinco anos
Resultados preliminares de amostra do Censo de 2022 divulgados nesta quarta-feira (26) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) colocam o Rio Grande do Sul com a terceira maior taxa de pessoas de zero a três anos frequentando a escola. Do total de crianças nessa faixa etária naquele ano, 39,35% estavam matriculadas, índice que só não é superior ao de São Paulo (49,15%) e Santa Catarina (47,82%).
Ainda que o percentual gaúcho seja melhor do que o da maioria do Brasil, o Estado seguia mais de 10 pontos percentuais longe da meta do Plano Nacional de Educação (PNE), que previa alcançar pelo menos 50% de matrículas em creches até 2024. No total, 290,8 mil crianças de zero a três anos não estavam matriculadas em 2022.
Apesar de ser destaque nacional no que se refere à taxa de frequência do zero aos três anos, o Rio Grande do Sul apresentou o décimo pior índice do país no número de crianças de quatro a cinco anos que iam à escola, alcançando 82,9% do total dessa faixa etária. Isso significa que 44,3 mil gaúchos dessas idades não frequentavam nenhuma sala de aula.
Alvorada, na Região Metropolitana, teve o pior percentual do Brasil entre os municípios com mais de 100 mil habitantes: somente 52,41% dos pequenos de quatro a cinco anos iam à escola, em uma idade na qual a meta era de chegar a 100% de matriculados até 2024.
Na faixa dos seis aos 14 anos, quando, via de regra, o estudante frequenta o Ensino Fundamental, o Rio Grande do Sul ficou com a 12ª pior taxa de frequência à escola, com 98,18%, mas 21,2 mil gaúchos dessas idades não frequentavam nenhuma instituição de ensino. O melhor índice foi o do Distrito Federal, que chegou a 98,96%. Apenas oito Estados tiveram percentuais inferiores a 98%.
Já entre os 15 e os 17 anos, quando o aluno cursa o Ensino Médio, e dos 18 aos 24, quando se costuma se passar pelo Ensino Superior, o RS registrou bons desempenhos. A frequência dos adolescentes dessa idade foi de 85,94%, a nona melhor do Brasil, ainda que isso signifique que 56,3 mil pessoas da faixa etária não estavam estudando.
Entre os jovens adultos, por sua vez, o RS tem a quarta maior taxa de estudantes do país, com 30,2% dos indivíduos dessa parcela da população matriculados. A maioria fazia graduação (59,11%) ou Ensino Médio (27,67%). Na faixa de 25 anos ou mais, 5,93% dos gaúchos estudavam, sendo quase metade (47%) em uma graduação.
— Recebi os dados com uma surpresa positiva, principalmente em relação ao Ensino Superior, e um pouco em relação ao Ensino Médio. Recebi os dados também um pouco com a sensação que eu senti quando fizemos a análise da década de educação básica no Rio Grande do Sul, 2015 e 2025: melhoramos em todos os índices educacionais, mas com uma intensidade e velocidade menores do que o país precisava, até em comparação com outros países da América Latina e do mundo — observou a secretária estadual de Educação, Raquel Teixeira, após a apresentação do IBGE, realizada no Centro Cultural da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) na manhã desta quarta-feira (26).
Conforme o superintendente adjunto do IBGE no Rio Grande do Sul, Luís Eduardo Puchalski, o Estado é, de modo geral, um dos destaques nacionais de crescimento.
— É o terceiro do país com o maior percentual de crianças frequentando escola ou creche e, dentre aqueles de zero a 17 anos que não estão na escola, o Rio Grande do Sul conseguiu reduzir o percentual, ao contrário do que aconteceu no país — pontua Puchalski.
Raça e cor
No recorte de raça e cor, a taxa de frequência escolar bruta – que corresponde ao percentual de pessoas com aquela idade e aquela raça ou cor que estavam indo à escola quando o Censo foi realizado – demonstrou que a população branca teve os maiores índices em quase todas as faixas etárias. As exceções foram dos 15 aos 17 anos e com 25 anos ou mais, grupos nos quais os amarelos registraram um maior percentual de pessoas estudando.
A população indígena gaúcha, por outro lado, apresentou a menor frequência em quase todas as faixas etárias, com exceção do período dos seis aos 14 anos, quando os amarelos foram ainda menos frequentes (94,41%). O pico de presença de indígenas em escolas ocorre justamente nessa faixa etária (95,9%). No grupo do zero aos três anos, apenas 9,82% dos indígenas vão à escola, contra 40,64% dos brancos.
Municípios com mais de 100 mil habitantes
Entre os municípios com mais de 100 mil habitantes, Alvorada registrou o pior índice do Brasil na frequência em escolas de crianças de quatro a cinco anos – das mais de 187 mil pessoas com essa faixa etária em 2022, 52,41% estavam em salas de aula. Viamão ficou com a quinta pior colocação, com taxa de 63,65%, e Gravataí com a sexta pior, com 67,85%.
Na outra ponta, Erechim teve o 12ª melhor índice de matrículas, com 94,97% dos pequenos indo a instituições de ensino. A cidade do Norte do RS também é uma das três gaúchas a ficar entre os 15 melhores percentuais do país de crianças de zero a três anos frequentando escolas (57,3%). As outras duas são Santa Cruz do Sul (60,25%) e Bento Gonçalves (58,02%).
Na faixa dos seis aos 14 anos, São Leopoldo teve a sexta pior taxa de frequência do Brasil, de 95,63%. Entre os melhores índices, mais uma vez aparecem Erechim (99,71%), em terceiro lugar, e Santa Cruz do Sul (99,6%), em sétimo.
Com relação às pessoas de 15 a 17 anos, Passo Fundo registrou o 17º pior desempenho nacional (80,15%), e Novo Hamburgo, o 19º (80,2%). Já Rio Grande ficou com o sexto melhor resultado, com 91,74%.
Já no que se refere à presença de jovens de 18 a 24 anos em escolas e graduações, o RS se destacou com três municípios grandes entre os 10 maiores percentuais: Rio Grande (41,45%), Pelotas (41,06%) e Santa Maria (39,69%).
Municípios com menos de 100 mil habitantes
Na faixa do zero aos três anos, das 10 melhores taxas nacionais, cinco são de municípios gaúchos: Montauri, em segundo lugar; União da Serra, em terceiro; Lagoa dos Três Cantos, em sétimo; São Vendelino, em oitavo; e Forquetinha, em décimo.
Dos quatro aos cinco anos, São Valério do Sul foi o destaque negativo do RS, com apenas 46,38% das crianças da faixa etária matriculadas, a quinta pior taxa do Brasil. Por outro lado, 64 municípios gaúchos atingiram 100% de matrículas nessa idade.
Entre as pessoas de seis a 14 anos, São José do Sul ficou com a quinta pior taxa nacional de frequência, com 78,62%. Outras 172 cidades do RS atingiram 100% de matrículas nessa faixa.
Veranópolis foi o município com o menor percentual de todo o Brasil de pessoas com 15 a 17 anos estudando, índice que não passou de 43,48%. São José do Sul registrou a sexta pior taxa do país, com 53,01%. Nessa faixa etária, somente 14 localidades gaúchas alcançaram 100% de matriculados.
Do grupo de 18 a 24 anos, São José dos Ausentes ficou com o terceiro pior resultado nacional, com 4,04% de pessoas estudando, enquanto Guaporé alcançou o melhor percentual do Brasil, com 64,39%. Três Arroios ficou em quarto lugar, com 55,59%, e Taquaruçu do Sul em oitavo, com 50,46%.
Fonte: GZH
Foto: Matheus Pé / Especial
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