Flexível, paciente e tolerante: como deve ser o perfil de um cuidador de idoso; veja dicas
Personalidade, formação e referências profissionais precisam ser consideradas pela família
Quando se decide contratar um ou mais cuidadores para o idoso, é preciso fazer uma seleção criteriosa dos profissionais que passarão a conviver com a família dentro de casa. Analisar a formação, a experiência prévia e as referências profissionais dos candidatos, além de características de personalidade e comportamento, estão entre as principais dicas de especialistas.
É fundamental conversar com os pretendentes à vaga. Deve-se priorizar quem tem curso de cuidador de idosos e também outras formações afins, como técnico em enfermagem.
Há características imprescindíveis, e o empregador precisa questionar o candidato sobre o quanto este se acha paciente, tranquilo, organizado, proativo.
Atenção e paciência
Peça que o aspirante à vaga quantifique cada uma das características, positivas e negativas, que você deseja avaliar: “De zero a 10, quanto você se acha estressado?”, por exemplo.
Fundadora da Acuidar – Cuidadores Especializados, a fisioterapeuta Jéssica Ramalho está habituada a esse tipo de seleção.
— Tente casar a personalidade do cuidador com a do assistido. Se o cuidador é mais calado e o idoso também gosta de alguém que seja mais calado, vamos gerar uma qualidade de vida melhor para o paciente — pontua Jéssica.
Jussara Kohn é responsável por duas senhoras com demência, de 88 e 92 anos: "Tenho que estar muito bem para assistir meu paciente".Ronaldo Bernardi / Agencia RBS
Ao solicitar referências de antigos locais de trabalho, você poderá descobrir como era essa pessoa no exercício das funções – não deixe de cumprir essa etapa. É fundamental falar com os empregadores passados, e não apenas pedir a comprovação desses períodos de trabalho.
— Pergunte sobre pontualidade, assiduidade, se a pessoa realmente cumpria as demandas, se cuidava com excelência, se era comprometida. Estamos colocando alguém dentro da nossa casa para cuidar de alguém que amamos. A análise tem que ser criteriosa — orienta Jéssica.
Não é imprescindível que o cuidador e o paciente tenham gostos e hábitos semelhantes, ainda que isso possa facilitar o entrosamento da dupla. O essencial é que o funcionário viabilize as atividades de que o idoso gosta, como organizar os materiais para pintar e desenhar ou preparar a poltrona e o pufe para os pés para assistir à novela.
— O cuidador tem que fazer o intermédio nessas atividades. Tem que ser um facilitador — diz Silvia Camila Marchiore Ciocca Sales, terapeuta ocupacional e gerente técnica da Home Angels Brasil Cuidadores Supervisionados de Pessoas.
Se o idoso tiver condições, cognitivas e físicas, pode participar do processo de escolha do seu próprio cuidador. Quando não for possível, filhos e netos, ou outro parente que conheça bem o idoso, conduzem esse processo, orienta Jéssica.
Feita a contratação, é importante que um membro da família acompanhe os primeiros dias de atuação do novo cuidador. Além de explicar como é a rotina e repassar as tarefas, recomenda-se observar como se dá a interação entre o profissional e o paciente.
— Passe na residência para ver como está a adaptação. É normal o idoso mostrar resistência e dizer que não gostou, mas não troque o cuidador no primeiro dia. Uma semana a 10 dias costumam ser suficientes para a adaptação. A família também precisa ter paciência e tranquilidade para ir conversando com o idoso e com o cuidador. Com dedicação e empenho, a tendência é de que tudo corra bem depois — orienta Silvia.
Jussara Kohn trocou a carreira no setor administrativo pela assistência a idosos. Frequentou um curso de formação de cuidadores, graduou-se em Gerontologia e agora cursa uma pós-graduação na mesma área. No momento, é responsável por duas senhoras com demência, de 88 e 92 anos, uma em casa e outra em uma geriatria. Entre suas responsabilidades, estão ajudar na higiene, estimular e auxiliar na hidratação e na alimentação e acompanhá-las em consultas e exames. O principal, destaca Jussara, é garantir o bem-estar do idoso com o ambiente sempre limpo e organizado.
— É um desafio bem grande. Não é uma situação muito simples. Existem muitas adversidades, uma sobrecarga muito grande, principalmente a dependência do idoso em relação à gente. Tenho que estar muito bem para assistir meu paciente — afirma Jussara, que preserva uma rotina de exercícios físicos e atividades de lazer com os amigos.
Além de ter garantidos os períodos de descanso, o cuidador deve ser bem recebido pelos moradores da casa e demais familiares. As boas relações e condições para exercer as atividades beneficiam todos os envolvidos.
— Tão importante quanto o idoso se sentir bem é o cuidador se sentir bem para que consiga prestar uma assistência mais duradoura — comenta Jéssica.
Como selecionar um cuidador de idosos
- Priorize profissionais que tenham curso de formação de cuidadores de idosos no currículo. Curso técnico em enfermagem também é um bom diferencial. Treinamento em primeiros socorros é fundamental
- Converse com o candidato e tente descobrir se o perfil dele combina com o do idoso a ser assistido
- Nem tudo você vai conseguir avaliar em uma entrevista inicial, mas é importante procurar um cuidador que apresente determinadas características importantes: flexibilidade, proatividade, paciência, tolerância, resolutividade, empatia
- Não é necessário haver semelhança total de gostos e hábitos, mas o cuidador deve se dispor a incentivar e viabilizar as atividades que o paciente aprecia
- Experiência prévia e referências são imprescindíveis. Consulte antigos empregadores do candidato para saber como ele desempenhou suas funções anteriormente e como lidou com situações difíceis ou imprevistas
- Um familiar deve acompanhar os primeiros dias do novo cuidador. É essencial que o funcionário receba orientações da parte de quem realizava a assistência previamente e também que seja observado na interação com o paciente em alguns momentos
Fonte: GZH
Foto: maru54 / stock.adobe.com
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