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43 mil alunos da rede estadual têm risco alto ou crítico de abandonar os estudos, indica estudo

  • Data: 07/Mai/2025

Sistema implementado pelo governo do RS busca mapear os jovens nesta situação e combater o problema. Projeto para proteger trajetória dos estudantes foi lançado nesta terça-feira

Dos cerca de 700 mil alunos da rede estadual do Rio Grande do Sul, 43,6 mil têm risco alto ou crítico de abandonar a escola. O dado é da Secretaria da Educação do RS (Seduc), que lançou, nesta terça-feira (6), projeto para combater a evasão escolar. Batizada de Política de Proteção à Trajetória do Estudante, a iniciativa busca mudar o cenário no Estado. 

A cada cem estudantes que ingressam na rede estadual, apenas 58 concluem a Educação Básica, conforme levantamento do Centro de Educação Baseada em Evidências. Dos alunos que se matricularam no Ensino Médio, 8,9% abandonaram antes do término do ano letivo, quase três vezes a média nacional. Outros 10,6% reprovaram, mais que o dobro da média nacional. Os dados são do Censo Escolar 2023.

A política cria condições para os estudantes terminarem a trajetória escolar.(...) Será construída em conjunto. Para dar certo, precisa ter participação de todos.

RAQUEL TEIXEIRA

Secretária estadual da Educação

A iniciativa estabelece um conjunto de diretrizes voltadas à prevenção do abandono e da evasão escolar, com base em um sistema de identificação de risco e ações de acompanhamento da frequência dos jovens. A plataforma, que utiliza inteligência artificial (IA) para gerar dados, mapeia os alunos em situação de risco, analisando indicadores, como desempenho escolar, histórico e infrequência. 

Eles são divididos em três níveis:

  • Médio (acima de 40% de chances de evasão)
  • Alto (acima de 60%) 
  • Crítico (acima de 80%)

Até o momento, 800 instituições da rede aderiram à plataforma, o que representa cerca de um terço das 2,3 mil escolas estaduais. A expectativa da Seduc é que todas utilizem o sistema. 

O projeto foi apresentado em evento na Fábrica do Futuro, em Porto Alegre, com a presença de 20 diretores de escolas estaduais da Capital. Segundo a secretária da Educação, Raquel Teixeira, a política firma um compromisso de proporcionar condições aos estudantes de conclusão da Educação Básica:

— É um elemento inovador que queremos usar em favor da permanência dos alunos. A política cria condições para os estudantes terminarem a trajetória escolar. É claro que isso não é algo que se constrói da noite para o dia. Será construída em conjunto. Para dar certo, precisa ter participação de todos — afirmou.

Plano de ação 

Para evitar que os alunos abandonem a escola, estão sendo implementadas estratégias sistemáticas por meio da nova política. Com base nos dados gerados por IA, a ideia é que as escolas elaborem planos de ação para manter os alunos na escola. Os planos envolvem diálogo com a família, acolhimento, identificar problemas de aprendizagem, entre outras questões.

A meta é auxiliar os estudantes que apresentam risco médio, alto ou crítico de evadir. Cada plano de ação conta com uma série de intervenções previstas. Entre as ações recomendadas estão:

  • incluir em turmas de reforço
  • realizar escuta ativa com estudante
  • contatar responsáveis via ligação telefônica
  • realizar estudo de caso e aprofundamento da razão da infrequência
  • realizar reunião com responsáveis por estudantes infrequentes
  • informar direito a programa de passe livre estudantil

Já foram cadastrados no sistema 10,2 mil planos de ação. Ou seja, mais de 10 mil alunos estão sendo auxiliados com a estratégia. A secretária destacou o papel central dos orientadores educacionais da rede nesse processo.

São profissionais que atuam na equipe gestora das escolas. Segundo Raquel, 95% das escolas de Ensino Médio contam com orientador educacional.

— A tecnologia está aqui para fazer o que ela sabe fazer, e a gente não. Mas, de fato, o trabalho que conta é aquele que será feito pelo professor, pelo orientador, pelo ser humano. Esse é um exemplo muito importante da tecnologia sendo usada em benefício do aluno, mantendo a humanidade da escola — destaca a secretária.

Os orientadores têm a responsabilidade de identificar os fatores de risco por trás da infrequência, entendendo a situação de cada aluno e atuando para reverter esse cenário. Casos de violência, dificuldade de acesso, falta de pertencimento ao ambiente escolar, questões de saúde, problemas financeiros e pessoais de cada estudante podem influenciar.

Também foram apresentados os guias dos orientadores educacionais, materiais elaborados pela Seduc com informações práticas que buscam auxiliar o trabalho dos profissionais. Os documentos abordam temas que ajudam no manejo de situações de violência em articulação com a Rede de Proteção de Crianças e Adolescentes. 

Fonte: GZH

Foto: André Ávila / Agencia RBS

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