Mais da metade das crianças e adolescentes na fila para adoção no RS tem entre 12 e 18 anos de idade
Levantamentos do Ministério Público do Estado (MPRS) e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) apontam que cerca de 80% das pessoas preferem adotar crianças entre zero e seis anos
Neste 25 de maio é celebrado no Brasil o Dia Nacional da Adoção. A data tem como objetivo dar visibilidade ao tema. O Rio Grande do Sul é o terceiro na lista dos Estados brasileiros com o maior número de pretendentes e de pessoas disponíveis para adoção, atrás apenas de Minas Gerais e São Paulo. Cerca de 3.200 pretendentes à adoção estão cadastrados em todo o Estado.
Na outra ponta, são 591 crianças e adolescentes acolhidos em abrigos gaúchos. Destas, um número se sobressai: 314 têm idades entre 12 e 18 anos, o que representa mais da metade do total de pessoas disponíveis para adoção.
Os dados são do Ministério Público do Estado (MPRS) e do Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Segundo o levantamento realizado pelos órgãos, há uma predileção por crianças mais novas. Mais de 80% das pessoas interessadas em adotar buscam por crianças entre zero e seis anos.
Além da preferência etária, também há uma étnica. Quase 60% dos pretendentes escolheram crianças brancas, enquanto 20% optaram por adotar crianças negras. Também há dificuldade no acolhimento de crianças e adolescentes com deficiências.
Escolhas difíceis
Conforme os dados do Ministério Público e do CNJ, apenas 3% dos pretendentes adotariam uma criança com algum tipo de deficiência física e 1% declarou aceitar crianças com deficiências intelectuais. Com o sonho de ser pais, mas impedidos por problemas de saúde, o casal Guilherme e Mellany Heuser encontrou na adoção um caminho. Guilherme ressalta que o processo de escolher um perfil de criança não foi fácil.
— Decidir um perfil é uma coisa bem difícil. Quando a gente vai ter um filho, a gente não define qual é a característica que esse filho tem. Nós aceitávamos qualquer cor, qualquer problema de saúde. Então, era um perfil bem aberto — diz.
Preferência por filhos únicos
O levantamento também detalha que 363 crianças e adolescentes estão abrigados com um ou mais irmãos. Um fator que pode explicar a grande quantidade de irmãos aguardando por adoção é a baixa aceitação por parte dos pretendentes. Apenas um terço das pessoas desejam adotar duas crianças e somente 2% concordam em acolher três ou mais crianças ao mesmo tempo.
Guilherme e Mellany fazem parte dessa minoria. Mesmo sendo pais de primeira viagem, eles já formaram uma família grande, adotando quatro irmãos. O casal foi até São Paulo para conhecer as crianças de dois, quatro, nove e 12 anos. Desde então, a rotina dos pais tomou um novo rumo.
— Para nós é uma mudança muito grande na vida, né? A rotina mudou completamente, mas é uma mudança muito boa. Quando eu era mais jovem não queria ter filhos, mas hoje eu tenho uma opinião completamente diferente — afirma Guilherme.
Desde 2019, cerca de 3,2 mil crianças foram adotadas a partir do cadastro do Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento. Quase metade delas é branca, representando 49% das adoções. Os dados ainda registram que 25% das pessoas acolhidas em uma família eram pardas, 10% negras, 5% amarelas e 11% não tiveram a etnia informada. Na preferência por faixa etária, 42% das adoções foram de crianças de até 2 anos de idade. Nos últimos seis anos, apenas 192 jovens de 12 até 18 anos foram adotados.
Fonte: Gaúcha ZH
Foto: Camila Hermes / Agencia RBS
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