Notícias

Fique por dentro das notícias da cidade e região.

Caso de idoso que perdeu R$ 1,8 milhão acende alerta para golpes em investimentos digitais

  • Data: 30/Mai/2025

Segundo especialistas, facilidade para o surgimento de novas plataformas online aumenta risco de fraudes

Revelado na última semana, o caso do idoso que caiu em um golpe de uma falsa corretora de investimentos acendeu um alerta sobre este tipo de fraude. O morador de Porto Alegre, de 71 anos, fez depósitos aos suspeitos entre o segundo semestre do 2023 e o início de 2024, somando um prejuízo de R$ 1,8 milhão.

Especialistas ouvidos pela reportagem de Zero Hora avaliam que a facilidade criada pelo ambiente digital para o estabelecimento de novas plataformas de investimentos também aumenta a possibilidade de golpes e fraudes online.

— Isso ocorre pela facilidade de criar aparências profissionais online, a ausência de contato físico que dificulta a verificação de identidade, o alcance global que permite operar de jurisdições com pouca regulação e a velocidade das transações, que torna a recuperação de valores muito difícil — explica o advogado Adilson Bolico, sócio do escritório Mortari Bolico Advogados, especializado em casos relacionados a investimentos.

Para quem deseja começar a investir, principalmente via plataformas digitais, ou mesmo para quem já investe, mas deseja ter mais segurança em suas operações, há algumas orientações principais que são indicadas por especialistas da área.

— Antes de começar a investir, o caminho mais seguro para novos investidores se inicia com uma sólida educação financeira. É fundamental que o indivíduo dedique tempo para compreender os conceitos básicos do mercado, os diferentes tipos de investimentos e, crucialmente, a relação entre risco e retorno, além dos aspectos relacionados à segurança da operação — complementa Adilson Bolico.

Sete dicas para investir com segurança no ambiente digital

  1. Verifique a regularidade institucional: toda agência financeira legítima deve ser registrada e devidamente fiscalizada por órgãos como a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e o Banco Central. A ausência desses registros é um sinal de alerta máximo.
  2. Pesquise a reputação da empresa: busque por avaliações de outros usuários, notícias e o histórico da instituição no mercado. Plataformas de reclamação podem oferecer insights sobre a qualidade do serviço e a resolução de problemas.
  3. Analise criticamente as promessas de rentabilidade: desconfie de retornos financeiros prometidos muito acima da média de mercado, especialmente se forem apresentados como "garantidos" ou "sem risco". Rentabilidades irreais são um forte indicativo de fraude.
  4. Confira os mecanismos de segurança digital da plataforma: o uso de HTTPS, autenticação em duas etapas e políticas de privacidade claras oferecem bom suporte ao cliente e também são indicativo de seriedade.
  5. Examine a transparência operacional: a plataforma deve fornecer informações claras sobre seu funcionamento, taxas e como o dinheiro é administrado, com relatórios e extratos detalhados.
  6. Comprove a facilidade de saque: é importante testar o processo de retirada de fundos com valores menores, para verificar a funcionalidade do sistema da agência. Dificuldades para sacar valores são um grande alerta.
  7. Evite decisões sob pressão: golpistas frequentemente criam um senso de urgência para impedir que o investidor faça uma análise cuidadosa.

— Também é muito importante se certificar de que não se está fazendo uma transferência para um CNPJ ou para um CPF de outra pessoa, porque ao fazer esse movimento o dinheiro já não é mais da pessoa que supostamente está investindo, e assim já se concretiza um golpe. Além disso, sempre é fundamental buscar se informar o máximo possível sobre os profissionais, além das agências onde o investimento está sendo feito, para evitar ser ludibriado por golpistas — aponta Adriano Severo, analista de investimentos e planejador financeiro da Severo Capital.

Principais golpes e fraudes

O golpe de que foi vítima o morador da Capital envolvia uma falsa corretora. Além desta prática, outros tipos de fraude neste contexto têm se tornado cada vez mais frequentes. Confira algumas:

  • Plataformas de investimento fantasmas: sites e aplicativos com apresentação profissional que simulam corretoras legítimas, mas que, após o investimento, desaparecem com o dinheiro ou criam obstáculos para saques.
  • Pirâmides financeiras disfarçadas: muitas vezes camufladas como "marketing multinível" ou "investimentos em criptoativos", este tipo de esquema normalmente promete retornos elevados que dependem da entrada contínua de novos investidores. O sinal de alerta é a promessa de ganhos muito acima do mercado, sem risco aparente, e a necessidade de registrar novos participantes.
  • Phishing e engenharia social: É quando são utilizados e-mails, mensagens ou sites falsos para roubar dados pessoais e senhas, permitindo que os golpistas acessem contas reais e desviem fundos.
  • Golpes com criptoativos: incluem operações fraudulentas que somem com os recursos dos clientes e ofertas de "moedas milagrosas" sem valor real.
  • Falsos gestores e assessores: indivíduos que se apresentam como profissionais de investimento sem as devidas certificações ou vínculos com instituições reguladas.

— Para identificar esses golpes, fique atento a alguns sinais comuns nestes tipos de fraude, como promessas de rentabilidade fixa e muito alta, pressão para indicar novos participantes, falta de transparência sobre o investimento, ausência de contratos formais e comunicação exclusiva por canais não oficiais — destaca ainda o advogado Adilson Bolico.

Fonte: Gaúcha ZH

Foto: nateejindakum / stock.adobe.com

Outras notícias