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Câncer de próstata e sepse: entenda quadro que causou a morte de Ney Latorraca

  • Data: 27/Dez/2024

Diagnosticado em 2019, o artista estava internado no Rio de Janeiro desde o dia 20 de dezembro

Ney Latorraca faleceu nesta quinta-feira (26) aos 80 anosDesde 2019 ele tratava um câncer de próstataNa época do diagnóstico, ele retirou o órgão. Com o retorno da doença em 2024, porém, já com metástase, ele retomou o tratamento e estava em internação hospitalar desde 20 de dezembro.

A morte ocorreu em decorrência de uma sepse - popularmente chamada de infecção generalizada - pulmonar. Entenda os dois quadros de saúde:

Câncer de próstata

câncer de próstata é o segundo tipo de tumor mais frequente entre os homens no Brasil, depois do câncer de pele não melanoma. Conforme o Instituto Nacional de Câncer (Inca), a estimativa é que cerca de 72 mil novos casos sejam registrados anualmente no país. Desse total, três mil são previstos para o Rio Grande do Sul, reforçando a importância da conscientização sobre a doença.

Apesar da incidência, o tema ainda é cercado de preconceitos que podem atrasar o diagnóstico e reduzir as chances de cura. Segundo o chefe do Serviço de Urologia do Hospital Moinhos de Vento (HMV), Eduardo Carvalhal, cerca de 6% a 10% da população masculina vai ter, ao longo da vida, o diagnóstico de câncer de próstata.

— Ele pode ser identificado como uma doença de baixa agressividade, que permanece sem evoluir por anos, com comportamento indolente ou se manifestar desde o início com maior agressividade, levando ao óbito, o que chamamos de fenótipo letal — acrescenta o especialista.

Para ele, um dos grandes desafios da urologia não é apenas fazer o diagnóstico do câncer, mas sim detectar quais pacientes precisam ser tratados de maneira mais agressiva ou com estratégias mais conservadoras. Isso é chamado de estratificação de risco do câncer de próstata, que divide o risco a partir dos dados de biópsia, do nível do PSA e de outros parâmetros clínicos.

O que é o câncer de próstata?

A próstata é uma glândula do sistema reprodutor masculino localizada abaixo da bexiga e à frente do reto. Sua principal função é produzir parte do líquido seminal. O câncer ocorre quando as células dessa glândula passam a se multiplicar de forma desordenada, formando um tumor.

O crescimento da doença pode variar. Em alguns casos, o tumor se desenvolve lentamente e pode ser tratado de forma simples; em outros, avança rapidamente, podendo invadir outros órgãos e se tornar fatal.

— A partir da identificação do risco, aliada à idade do paciente e às condições clínicas que decidimos, de forma individualizada e personalizada, qual será o tratamento adequado para o paciente — ressalta o urologista.

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Conforme o Inca, a estimativa é de que cerca de 72 mil novos casos sejam registrados anualmente no Brasil.ink drop / stock.adobe.com

Quais são os sintomas?

câncer de próstata geralmente é silencioso na fase inicial e, muitas vezes, só apresenta sintomas quando a doença já está em estágio avançado. Entre os sinais de alerta, estão:

  • Dificuldade ou dor ao urinar
  • Aumento da frequência urinária, especialmente à noite
  • Sensação de que a bexiga não esvaziou completamente
  • Presença de sangue na urina ou no sêmen
  • Dor na região pélvica ou lombar

Por ser assintomático no início, exames preventivos regulares são essenciais para detectar a doença precocemente.

Prevenção

Por ser silenciosa, é essencial que homens brancos, a partir dos 45 anos, e pretos, a partir dos 40, devido a predisposições genéticas, comecem a realizar o acompanhamento preventivo.

— É recomendado que, a partir dessas idades, o paciente procure o seu urologista, para fazer uma avaliação inicial, discuta os aspectos envolvidos no rastreamento e se decidido, em conjunto, realizar periodicamente o exame de PSA, uma vez ao ano, associado ao exame de toque retal, pelo menos na avaliação inicial — avalia o médico.

O diagnóstico é baseado em dois exames principais:

  • PSA (antígeno prostático específico): exame de sangue que mede a presença de uma proteína produzida pela próstata. Níveis elevados podem indicar alterações, incluindo câncer
  • Exames de imagem, como a ressonância magnética
  • Toque retal: permite ao médico avaliar o tamanho, a forma e a textura da próstata

Se houver suspeita, é realizada uma biópsia para confirmar a presença de células cancerígenas. Em casos confirmados, exames adicionais avaliam se o câncer se espalhou para outras partes do corpo.

Quais são os tratamentos para o câncer de próstata?

O tratamento depende do estágio da doença, da idade e das condições de saúde do paciente. As opções incluem:

  • Vigilância ativa: indicada para casos de tumores pequenos e de crescimento lento, especialmente em pacientes mais idosos
  • Cirurgia: a remoção da próstata (prostatectomia radical) é uma das alternativas mais comuns em casos localizados
  • Radioterapia: uso de radiação para destruir células cancerígenas
  • Terapia hormonal: bloqueia a produção de hormônios que estimulam o crescimento do tumor
  • Quimioterapia: indicada para casos avançados ou metastáticos

Diagnóstico precoce

Quanto mais cedo o câncer de próstata é identificado, maiores são as chances de cura e menor o impacto dos tratamentos. A conscientização sobre os exames preventivos e a quebra de tabus em relação ao toque retal são passos essenciais para reduzir a mortalidade da doença, indica o urologista.

— Felizmente, esse é um tabu que vem sendo quebrado aos poucos na nossa sociedade, graças às campanhas de divulgação como o Novembro Azul e iniciativas da Sociedade Brasileira de Urologia e de instituições médicas — afirma Carvalhal.

Sepse

Mais conhecida do grande público como infecção generalizada, a sepse é a resposta do organismo a uma agressão provocada por um agente infeccioso — bactéria, vírus ou fungo. A sepse não é doença, mas uma síndrome.

Pneumonia pode piorar e virar sepse. Infecção urinária também. Os sinais específicos, como escarro purulento ou urina de cheiro forte, dependem de onde está o foco da infecção.

Entre os sintomas estão: febre, dificuldade para respirar, aumento da frequência dos batimentos cardíacos. Para que se caracterize a sepse, deve haver alteração em pelo menos um de seis sistemas orgânicos: neurológico, cardiovascular, respiratório, renal, hematológico e hepático. No caso de Ney Latorraca, a causa morte da morte é por uma sepse pulmonar. 

Fonte: Gaúcha ZH

Foto: Juliana Coutinho / TV Globo / Divulgação

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